Eu costumo brincar que envelheceremos juntos. Teremos dois cachorros, uma casa grande numa rua tranquila, três filhos e tudo aquilo que a gente vê nos filmes da Sessão da Tarde. Não consigo fugir muito do clichê, afinal, não dá para negar que este tipo de vida seria ótimo até pra gente que sempre nadou um pouco contra a maré: tudo o que faríamos depois seria diferente, mas o projeto de vida poderia ser aquele mesmo. Eu não reclamaria!
A verdade é que não sei muito bem. Embora eu tenha todo este plano arquitetado na minha mente e sonhado por meu coração, a verdade é que não posso dizer que seguiremos os mesmos rumos. Será que isso tudo não é papo de adolescente que só sabe sonhar acordado?
Eu sei, não deveria nos comparar a ninguém. Mas um fato é real: a realidade sempre bate na porta.
Às vezes, este pensamento escapa de um mar de ideias que mantenho afastadas e faz questão de vir à luz da janela – bem em frente aos meus olhos.
É, este é um texto sincero. E a sinceridade me faz abrir as janelas da incerteza e pensar: será?
Daqui a cinco anos, você ainda vai me olhar com os mesmos olhos apaixonados e dizer que me ama desta forma natural? Vai ter a mesma urgência que tem de mim e continuar me dizendo as coisas lindas que fala sem nenhuma hesitação? E, indo mais a fundo, será que eu mesma ainda farei tudo isso com relação a você?
E depois de dez, vinte, quarenta anos? O tempo irá passar e será que a gente vai mesmo ser feliz assim como imaginamos que seremos? Todo o amor que sentimos um pelo outro aguentará os efeitos do tempo, as mudanças da vida e, principalmente, nossos próprios amadurecimentos?
A verdade é que, pensando agora em tudo isso, nas tantas possibilidades, meu desejo é um só.
Não quero que continuemos juntos “para sempre” e pronto: há muitas pessoas que estão juntas, mas, na verdade, nem estão. Os corpos estão unidos, mas as almas já foram passear há muito por outras bandas.
Por isso espero somente que cresçamos em sintonia. Que todas as transformações que aconteceram com você também desemboquem por aqui. Não que sejam iguais, porque viveremos diversas situações sozinhos. Mas que nos elevem como pessoa da mesma forma e nos façam sempre seguir o mesmo caminho por dentro.
Nossos gostos e preferências poderão mudar. Seremos pessoas bem diferentes do que somos hoje. Mas passaremos por tudo isso juntos, afinal, toda nova luz que surgir haverá de iluminar nós dois.
Sim, acho que este é o jeito que me permite voltar ao otimismo lá do início. Porque quem compra a ideia de um futuro bom tem que considerar o que pode surgir na estrada.
E, quem sabe desta forma, realista e honesta, teremos sim o nosso final feliz?