No começo de tudo, eu queria estar mais perto – bem junto, você sabe.
Mas me peguei indo no sentido contrário, para uma via totalmente oposta, em que não houvesse sinal da sua sombra. Sem sua presença, suas lembranças ou qualquer coisa que tenha a ver com as letras de seu nome. Se por um acaso ele voltar por aqui, pertencerá a outro alguém. Um homônimo.
Como se a vida fosse uma imensa agenda de contatos, fui lá e apaguei teu número. Não pense que não doeu: até chegar ao ponto de tomar essa iniciativa, pensei muito em outras formas para evitar fazê-lo. Quando vi que não tinha como, abri os olhos e fiz.
Na realidade, as coisas foram bem parecidas no meu celular também: teu rosto, com sorriso cheio, não aparece mais nas minhas conversas recentes… e não voltará a aparecer.
Se por acaso acontecer de você me chamar, não haverá resposta. Acho que, quando a gente corta pela raiz, não dá para deixar crescer de novo.
É para valer. Apenas decidi que iria para longe de você. E o tanto que pudesse: por mais que morássemos na mesma cidade, não importava. Eu não tentaria que fazer com que nossos caminhos se encontrassem. Se o destino não juntou antes, não haveria de nos unir agora.
Não sei se isso importa pra você, pelo menos não da forma como os efeitos de tudo o que nos liga reverberam em mim. Mas uma hora, quem sabe, você vai perceber que não estou mais ao teu lado como sempre estive.
Cadê ela? – Você poderá se perguntar.
Só que então terá se passado muito tempo desde a minha decisão. Já não me machuca mais. No início do texto, lá em cima, talvez até pesasse um pouquinho, mas, a cada instante, me sinto mais segura. Me concentro em encher o peito carente da mudança e seguir em frente.
Eu tomei distância de você e, quando fiz isso, já estava automaticamente limpando de mim os sonhos de tê-lo para sempre comigo.
É real o que dizem: após uma grande faxina, é sempre bom se livrar do que não serve mais, daquilo que há muito ficou estacionado na garagem. Pode envolver sentimento, mas a verdade é que só emperram o nosso caminho e acumulam poeira. É necessário o adeus para, quem sabe um dia, dar lugar ao novo.