As coisas estavam bem encaminhadas: seus planos para um lado e os meus para o outro, mas, de certa forma, eles se encontravam em algum lugar – e a gente conseguia achar o meio termo que nos faltava.
A nossa rotina, o nosso dia a dia e as mensagens automáticas ao dormir e acordar que preenchiam o copo meio cheio brindavam, felizes, um dia muito feliz – ou consertavam os caquinhos de vidro da taça que se quebrou após horas difíceis.
Eu olho aquelas tuas fotos pequenininho e penso nas vezes que a gente juntou a tua foto com a minha pra imaginar quando tivéssemos um filho, sonhando com algo bem lá na frente. Se a carinha dele teria os seus olhos escuros, a minha boca pequena ou toda essa mistura doida de mim com você.
Eu penso em como tudo foi andando para nos conhecermos o tanto que a gente se conhece hoje. Como é fácil gostar de você, rir com as suas piadas, entrar nas tuas conversas…
É muita coisa. É um sentimento enorme envolvido.
A verdade é que, vendo tudo isso agora, percebo nosso amor nunca mudou, só aumentou. Tinha tanto para ser um texto com final feliz, não é?
Só que tem coisas que acabam interferindo demais. E aí, na hora em que a gente percebe que aconteceu, de novo, mais uma vez… O amor fica meio de lado. Ele existe, sim, mas fica envolto por um comportamento que se repete. Uma palavra que é dita sempre. Por pequenas rupturas invisíveis que vão deixando o coração meio cansado, cambaleante, bêbado, caindo aos tropeços e levando tudo no automático.
E isso não diz sobre um defeito ou outro, com os quais a gente vai aprendendo a lidar, conversando e tentando mudar, resolvendo sem abalar o carinho mútuo.
É mais sobre algo que se repete mesmo que o amor esteja lá, firme e forte, sobre lágrimas que rolam e que não podem virar costumeiras – jamais. É sobre perder a noção de que todo relacionamento, mesmo resistente às intempéries do tempo, ainda sim é algo frágil e de cristal, que carece de um cuidado de corpo e alma.
É por isso que o amor não é tudo.
Se ele fosse, ainda teríamos o mundo.