Sempre admirei as pessoas que pareciam se divertir com as simples coisas, boas ou não. Como assim ela deu risada depois que o celular avisou ter bateria fraca ainda no meio do dia? Ou logo após acordar bem cedo para fazer prova na escola? Sabe de quais pessoas estou falando, não é? A gente sempre conhece alguém assim – que leva tudo com uma facilidade tremenda e nunca perde o sorriso extra guardado no bolso.
A pessoa pode estar lá, aos trancos e barrancos e com uma vida que não é exatamente aquilo que é vendido nos comerciais de televisão mais alegres de todos, mas continua forte e reluzente – a comparação com o Sol se dá de uma maneira quase inevitável, porque eis ali um ser radiante.
Entre milhares e milhares, ela sabe existir de uma das formas mais simples e, ao mesmo tempo, mais cheias de sabedoria. Porque foi ao construir essa personalidade positiva que ela conseguiu tirar as gargalhadas mais gostosas daquilo que, para muitos olhos, não teria a menor graça.
Quanto a mim, confesso: nunca fui das mais otimistas, tampouco negativas – só era assim mesmo, eu mesma e pronto. Vez em quando estava feliz, outras vezes um pouco insegura e, bem, não vejo mal algum com essas oscilações de humor que todo mundo tem. Mas foi observando aquele tipo de pessoa da qual falei que percebi: eu tinha muito o que aprender com ela.
Não havia um curso com lições básicas sobre como olhar para tudo da mesma forma, então entendi que a iniciativa precisava partir de mim. A primeira coisa que fiz foi parar de me perguntar “como é que ela consegue?”. Para muitas coisas nessa vida, não precisamos nem de exemplos prévios, a gente só vai e faz.
Como uma espécie de treinamento, fui me acostumando a dar uma segunda olhada. Sabe quando a gente se senta meio arqueada e depois nos recordamos de puxar a postura para cima e corrigir as costas? Tipo isso, mas sem paranoia ou obrigação. Com a confiança de que este novo hábito só somaria bonitezas dentro de mim.
Fui assinalando corações invisíveis para cada pequena parte do mundo em que eu vivia: aquilo ali, escondido, não era ótimo? E isso aqui? Muito bom também! Que sorte eu tinha de ter este pequeno x, que engraçada era a forma do y, que coincidência maluca ter um w e um z cruzando o meu caminho naquela hora pela tarde!
De repente, a minha insistência em ver o lado bom fez brotar realmente o fôlego para aspirar cada minúsculo detalhe da vida. Meu inspirar se tornou mais lento – meu respirar era mais feliz.
Percebi que, depois disso, era fácil achar a alegria e, até nos momentos ruins, também conseguia passar por cima das adversidades de um jeito mais fluido. Tá aí, facilidade se tornou padrão e sutileza virou lema. Se eu passava os olhos por algo e não conseguia ver nada de bom, voltava a minha atenção mais uma vez e procurava minuciosamente pelo belo que, afinal, pode estar em todas as coisas.
Bastou eu querer para realizar este pequeno esforço, que não pesava em minha rotina. De repente, já era alguém que tinha uma nova habilidade pra somar a uma listinha que, antes, estava lá meio pequena: agora, também sou aquela que encontra o lado divertido das coisas.