Havia um amor aqui

23 de outubro de 2016
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Foto: Reprodução/Yagmurunsesi

Eu costumava enviar mensagens sempre depois do almoço. Queria saber como tinha sido a manhã, se a tarde havia começado boa, além de contar o que eu faria dali a algum tempo… Essas coisas todas. Enviar emojis bonitinhos, uns snaps engraçados, jogar conversa fora. Era bom!

Tem gente que consegue, sem esforços, transformar o banal em algo mais bonito.

Os sábados eram preenchidos sempre a dois, com o tema que a gente quisesse dar a eles. Às vezes, íamos para a rua, com muitas pessoas, e fazíamos mais histórias para contar e, em outras, o negócio era ficar dentro de casa. Nada que um filme e um pote bem grande de pipoca não resolvessem – o sorriso no rosto era garantido e, com ele, mais um dia especial, para guardar com carinho na memória.

Em algumas fotos, estou com o rosto bem ao lado do seu. Ali, registrado em imagens, vemos o quanto combinávamos. 

A gente tinha sorte. Só que, como tudo nessa vida (afinal, não somos eternos), acabou. Chegou a hora do tchau e o castelo de cartas voltou para a caixinha do baralho.

Não teve como segurar a emoção. No começo, só eu sei o quanto torcia para que o tal castelo voltasse a ser construído. Haveria de surgir alguma oportunidade de recomeçar e fazer valer a pena todo aquele tempo que ficou pra trás.

Até que percebi: tem gente que fica e tem gente que vai embora. Não temos como controlar ninguém. A gente não pode controlar ninguém. Se foi, foi.

Tudo tem o seu motivo e a sua razão para acontecer. A gente torceu muito para dar certo, fez por onde e mesmo assim não viu as coisas se acertarem? É que simplesmente não era pra ser.

Havia um amor aqui. Hoje não há mais, mas não importa.

Porque, agora, há o conhecimento de que os ciclos começam, terminam e não é tudo que depende da gente para funcionar da forma exata que se dá em nossas cabeças. O primeiro passo da compreensão é aceitar e ver a beleza destes momentos da vida: porque foi lindo, não foi?

Isso bastou.

Temos uma vida inteirinha pela frente, recheada de ciclos como este. Virão novos momentos, outras pessoas e novas histórias. Haverão mais amores, que poderão ir embora ou não, mas durarão o tempo necessário para se tornarem um presente – que não se recorda de passados e tampouco se importa com o que virá lá no futuro.