Eu sempre disse que sou feita de minhas próprias decisões. Todos os rumos que tomei no passado e que me fizeram chegar até aqui eram responsabilidade minha, que me julgava um tipo específico de ímã, enquanto a vida seria um combinado de polos magnéticos que me atrairiam ou não.
Só que não era só isso. Mesmo que eu me sinta muito dona do meu próprio nariz, percebi que, várias vezes, fui colocada em uma situação em que o ímã corria involuntariamente para o polo magnético mais próximo. Não tive autonomia para chegar onde queria ou gostava.
Não estou me referindo às coisas que temos que fazer por obrigação, como aquela aula chata aos sábados ou a visita complicada nos esperando na porta da sala. É mais profundo: falo das coisas que eu achava que tinha escolhido para mim até então. Daquelas que eu apontava como meus gostos e preferências, das quais falava com orgulho, de todas as vezes que disse ser mais de “x” do que “y”.
Não. Enxerguei todas as situações, toda a minha trajetória e as vivências que fizeram com que minha mente funcionasse no piloto automático, vendo muito sentido em tudo. Certo, ninguém ativou botãozinho nenhum, posso até ter exagerado no negócio do piloto, mas…
Me dei conta de que não sou apenas eu que controlo minha vida.
E não só porque ainda dependo da minha mãe ou coisa parecida, mas porque toda a minha história também foi escrita quem vive ao meu redor. Nem sempre de uma forma positiva e, poxa, isso é um pouco frustrante…
Pensei, por exemplo, em minha insegurança para determinados assuntos. É mesmo uma característica minha ou foram algumas situações lá atrás que me fizeram sentir a necessidade de ter um chão fixo por baixo dos pés?
Caso algumas coisas não tivessem acontecido, pessoas não tivessem aparecido em meu caminho ou algumas situações não tivessem se desenrolado no meu dia a dia, eu poderia ser diferente do que sou hoje. E, em determinados momentos, eu queria muito ser.
Eu poderia ser aquela pessoa que corre riscos de coração aberto, que prefere a adrenalina do novo à segurança do aqui e agora, aquela versão completamente diferente de mim – que eu nunca provei porque não me deixei tentar. Porque em algum momento fiquei com medo. Porque preferi a comodidade.
E agora, levando tudo isso em consideração, penso: e o futuro? O que vem para mim? Será que vou somar mais situações do tipo? Eu espero muito que não, mas a verdade é que não sei.
Só tenho uma certeza: olhei para dentro e percebi que a minha rosa dos ventos é afetada por condições externas e, por isso, tentarei tomar mais cuidado. Nós, de fato, não escrevemos a nossa vida sozinhos. Mas eu quero tentar separar o que é parte de mim e o que são apenas efeitos colaterais.