Eu vi no seu olhar.
Ela tinha algo de diferente – que a transformara. Não que houvesse virado alguém com uma essência distinta – esta continuava intacta. Só que havia um plus, um algo a mais que criava uma energia em torno dela.
Conseguia-se, praticamente, ver um arco-íris em cima de sua cabeça: seus pensamentos estavam todos soltos, perdidos em sete cores.
E todas essas cores, quando viajavam por ela, traziam uma nuance diferente. Dava para ver que tinha muito ali. Eram vários sonhos combinados, um anseio que não a permitia sossegar e uma expectativa que ninguém entendia bem. Um clima novo e um sentimento chegando devagar em sua vida, que a colocava de prontidão e portas abertas para vivenciar a experiência que ela sentia se aproximar.
O jeito com que ela falava, ora manso, ora acelerado, mostrava uma dualidade que nos dizia que ali havia uma montanha-russa de emoções. Ninguém fazia ideia do que ela estava sentindo, mas conseguíamos ver a euforia e a leveza convivendo juntas, num mesmo segundo.
Seu sorriso era diferente, próximo àquele que ela dava quando estava feliz demais por conta de um acontecimento inesperado. Era parecido com sua risada mais sincera e trazia um leve mistério, como se guardasse um segredo escondido por entre os dentes.
Era impossível decifrar o universo que existia por trás deles: talvez isso fosse complicado até para ela mesma, ainda que estivesse sob sua própria pele. Mas uma parte deste segredo escapou com clareza um dia, justo quando ela entendeu o que estava acontecendo: aquela garota estava apaixonada.