A nossa relação, desde o começo, foi construída em cima de contrastes. Eu não percebia isso, é claro, mas agora vejo como todas as coisas relacionadas a nós dois tinham sempre o segundo lado da moeda.
Nada era tão simples quanto parecia. Não que eu suspeitasse que você tivesse uma vida dupla ou nada do tipo. O que acontece é que, lembrando de toda a nossa relação, percebo nitidamente que as coisas de fato não eram como pareciam.
Mas nem sempre nos damos conta disso em tempo ágil. E a gente se atrapalha ainda mais quando o assunto em pauta é o amor.
Tudo parece simples e fácil na hora em que estamos vivendo aquelas situações que, depois, nos causam inúmeras perguntas. Se o céu está azul hoje, é porque ele é realmente assim e pronto, acabou. O máximo que pode acontecer é encontrarmos um espacinho na grama para a gente se sentar e ficar olhando as nuvens lá em cima, imaginando um mar de coisas boas.
Por isso que, quando alguém fala sobre se apaixonar, fico com um pouco de receio. Os pensamentos se embaralham, sabe? Com você, eu senti exatamente isso – não só me bagunçou, mas também fez com que eu me perdesse de tudo o que era antes.
E foi assim, achando que vivia em um conto de fadas, que eu entrei num roteiro que não passaria nem pelos olhos cansados da pior das companhias de cinema.
É, não dava para fazer um filme com a nossa história. E, se por um acaso eu a encontrasse inteirinha escrita numa folha de papel, certamente a amassaria e jogaria fora. Se eu tivesse coragem. Talvez. Quem sabe?