você está lendo O momento certo de abrir o coração
amor

Foto: Reprodução/Jessikabreanna

Ela nunca foi uma pessoa muito, digamos… calorosa. Isso não significava que em seu ser faltasse algum tipo de coisa, um quê a mais ou um coração batendo forte. Ela sabia bem que, ali dentro, coexistiam vários sentimentos quentinhos, mas que ficavam somente ali, guardados e felizes por serem exatamente como eram.

Ela só não conseguia ser o tipo de pessoa que libera tudo isso de um jeito fácil. Na sua concepção, não havia uma portinha automática que pudesse deixar vazar o que a preenchia por dentro. E, olha, ela até tentou algumas vezes. Mas cada uma das tentativas saiu um pouco embaralhada.

Era um armário abarrotado e, no ímpeto de “todos estão abrindo, também preciso fazer isso”, as coisas tropeçavam e muitas delas até se perdiam. Resultado? Ela achava que isso só trazia dor de cabeça e confusão. Não era muito legal.

O melhor seria continuar do jeito que sempre foi. Ela estaria se preservando, mesmo involuntariamente, resguardando a parte mais bonita que habitava dentro dela, cultivando tudo e deixando, assim, a vida levar.

Se fechar não era negar vivências. Ela vivia muito bem, sim, obrigada. Apenas se permitia ser diferente e guardar a parte bonita para si, se orgulhando do barato que era só ela mesma conhecer o que havia ali.

Mas acontece que, um dia, por notarem o seu jeito não tão aberto e receptivo, a chamaram de coração de pedra. Naquele momento, por mais que ela estivesse perfeitamente acostumada a ser do jeito que era, doeu um pouco. O coração vacilou e a pedra foi uma pedrada – deferida de forma certeira em sua direção.

Num primeiro momento, então, ela quis se explicar. Falar para a pessoa que não era nada daquilo e que não havia mal algum em ser assim. Ela não era uma pessoa ríspida. Se deu a confusão. E agora, qual seria o próximo passo? Para ela, por mais que vivesse num mundo interior muito grande, sua sensibilidade também era nítida, assim como sua forma peculiar de ser. E era justamente este aspecto tão explícito que se fazia presente quando ela demonstrava o seu sentimento, mesmo breve e cauteloso. Como poderiam a confundir com alguém sem cor, sem luz?

E foi então que ela teve uma ideia. Mostraria, de uma só vez, todo o calor interno que ela não precisava a todo tempo explicitar – mas que sempre esteve lá. 

Não! Ela não recitou um verso, cantou música, fez uma cena de arrepiar os cabelos ou tampouco se declarou por completo. Apenas colocou a mão da pessoa amada em cima de seu coração, e disse que não havia uma chave específica para abri-lo – mas que ele sempre abrigaria coisas lindas e seria um verdadeiro lar para quem nele entrasse.

Para isso, não era ela quem precisaria desabrochar. Apenas amor é o que bastaria para que alguém pudesse entender, respeitar e, enfim, chegar para ficar.