Uma história incerta

23 de abril de 2017
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amor

Foto: Nikolas Brummer

Se posso chamar de mania, costume ou otimismo, não sei. Apenas sei que sempre que meu coração batia mais rápido por alguém, eu logo estava lá, acreditando que tudo daria muito certo e que ficaríamos juntos para sempre. Romântica apaixonada. Quando as coisas iam pelo caminho errado, eu me culpava por ter pensado isso tudo e abandonava as ideias que havia cultivado durante todo aquele tempo. Logo, achava que o amor não era para mim.

Eu dizia isso para as amigas, nas rodas de conversa, rindo da minha própria situação, fazendo piada de tantos pontos finais… O engraçado é que, por mais que eu perdesse as esperanças de achar alguém, bom, tudo era muito superficial, porque lá dentro continuava existindo uma pontinha de iceberg escondendo um monte de esperanças com relação às coisas que eu ainda desejava viver junto a uma pessoa especial.

Quando a nossa história começou, percebi que era diferente do que eu havia vivido antes. Em um sentido bom e também ruim. Às vezes, a gente só quer que a vida seja mais fácil, branda, e que se desenrole sem dificuldades. Ainda mais eu, que tinha um histórico que mais parecia um labirinto cheio de paredes fechadas.

Só que com a gente não era assim. Vi alguém que me fazia um bem enorme, que me olhava como eu realmente era e agregava coisas boas em minha vida, além de ser meu companheiro e fazer o meu coração abrir um sorriso gigantesco. Mas também foi diferente a ponto de não me deixar entender o que se passava pela sua cabeça em certos momentos, já que, por mais que estivéssemos juntos, você fazia com que distâncias periódicas surgissem entre nós.

Eu só queria estar perto e ver tudo caminhando bem. Queria entender porque sempre parávamos na mesma estação e dávamos tchau tantas vezes, sendo que nos atraíamos para perto logo depois, incapazes de viver longe do outro.

Com tudo isso, eu só pensava que o ser humano é realmente complicado. Não dá pra gente controlar o que outra pessoa é ou faz e, ao mesmo tempo, também não podemos escolher conscientemente quem desejamos ao nosso lado. Eu podia tentar partir para outra, mas não conseguia. Você podia tentar cortar as teias que nos separavam, mas não o fazia.

Eu não sei se estava com você ou não. Uma relação complicada, por assim dizer, e que até agora é assim. Traz alegrias na mesma medida em que apresenta pontos de interrogação. E, bem, começo a pensar melhor a respeito disso e entendo que talvez seja mais uma história incerta para o meu caderninho que, mesmo contra o que eu sempre procurei para mim, já coleciona algumas delas.