É intenso. Para muita gente, essa é a grande falta: o sal e o tempero que dão morada ao sabor. Mas para mim isso é um problema… Me sinto até um pouco culpada por usar essa palavra para algo tão grande e bonito. Mas é que eu realmente queria que fosse mais brando.
O meu sentimento parece não ter limites. Ele chega até as pontas do precipício e fala que vai pular. Olha o pé direito alto e tenta encostar as mãos lá em cima: então cai, se esborracha no chão e ainda olha machucado e sangrando para o público, dizendo “tá tudo legal, me diverti aqui!”. Trata-se de um aventureiro nato, um destemido corajoso.
O meu amor é vigoroso. Ele se declara, se joga, abre os braços e abraça o mundo.
Mas é muita autonomia e eu nem sei se é isso o que quero para mim. Quando estou pensando se devo embarcar, ele já foi – de mala e cuia. Nem me pediu permissão para entrar no barco e já está lá, caindo de amores, enquanto o meu cérebro ainda processa se vale a pena ou não. Só que o coração está batendo mais forte, então já era. As tentativas da mente de avisar “vá com calma” são apenas sussurros perto de uma música tão alta quanto a percussão de uma escola de samba.
O meu coração já está lá, sambando. E eu na espreita, com frio na barriga. E se ele escorregar?
Por isso que gostaria de dar um pause, oferecer um chá de camomila, ensinar a ele que não é assim que a banda toca. Mostrar que estamos juntos nessa e que, agora, eu prefiro ir com calma. Não quero tanta intensidade, tanta entrega e fervor. Pode sim acontecer em pequenas bocadas, para que eu consiga saborear cada pedaço com a certeza de que o amor não irá acabar.
Porque sim, o meu coração é do tipo que devora o pedaço de bolo como se nunca mais fosse ver de novo um recheio de chocolate! É, ele não é muito manso, apenas vai e não quer saber de nada. Mas eu ainda conservo a esperança.
Um dia ele larga essa vida badalada. Não no sentido da frequência com a qual encontra um novo lar para morar: mas sim no tanto que bate forte sempre que vê um (bom ou não) lugar para ficar.