Ela prendeu o cabelo em um coque firme e decidiu que não esperaria mais. Daria um jeito de ocupar a cabeça com outras coisas e logo focou na bagunça do quarto: pronto, um ótimo início.
Manteria-se ocupada. Pegou as roupas que estavam soltas ao pé da cama e começou a dar a finalidade necessária para cada uma delas: algumas iam para o cesto, outras seriam penduradas no guarda-roupa. Depois a mesinha de cabeceira: as pilhas e mais pilhas de papel deram lugar a montes meticulosamente organizados.
Era engraçado como em todos os outros aspectos de sua vida ela conseguia separar tão fácil a bagunça da arrumação, definindo o que podia ir embora e o que deveria ficar. Ela nunca foi daquelas que sofrem ao doar uma roupa antiga ou sentem ao se desfazer de algo que não tem mais utilidade.
Ela desapegava fácil. Respirava aliviada ao perceber que poderia trocar o ar do ambiente fechado pela brisa que a janela aberta oferece.
Mas agora ela via no espelho o reflexo de alguém diferente. Uma menina ansiosa, esperando uma mensagem apitar no celular. Que grande besteira. E ela sabia que, no fundo, mesmo que a tal mensagem chegasse, não traria as boas notícias que ela gostaria de ler. Mesmo assim, mantinha essa esperança mais viva do que nunca.
Que grande contradição!
Esperar algo de alguém que nunca chegou perto de satisfazer suas expectativas era, no mínimo, perda de tempo. Alguém que não a via de forma importante.
Caiu em si. Sentiu-se mais firme do que nunca e parou o que estava fazendo. Ela não precisava esperar por esta pessoa. Decidida, desbloqueou a tela do celular e abriu aquele número. O apagou.
Ele podia vir a mandar algo um dia – mas ela não queria mais saber. Agora não tinha que esperar por nada. Resolveu isso para provar a si mesma que não precisava viver esperando por uma resposta de quem não dá a mínima.
Ela sempre soube deixar de lado as coisas que mereciam isso. E ele, definitivamente, merecia. Foi assim que ela decidiu, de uma vez por todas, deixar pra lá.