Tem um pouco de medo no meu sonho.
Eu nunca deixei de te incentivar a sonhar alto. A tomar todo o fôlego que puder e correr para longe, rápido, como se, no próximo passo, você quase pudesse levantar voo. É, eu sempre te disse para não desistir.
Só que é engraçado: por mais que eu fale muito, não sei se é isso o que de fato faço aqui deste lado. Casa de ferreiro, espeto de pau… Quando é com a gente, parece bobagem.
A verdade é que, antes do meu sonho, há um pouco de medo. Tenho receio de sonhar algo impossível e nunca viver aquilo. Entende? Algumas coisas parecem lindas na primeira vez que passam por nossas mentes, mas eu não as agarro: deixo-as irem embora e assim fico com os pés bem juntinhos – no chão.
Não é que eu acredite que algumas coisas são de fato impossíveis. Todo nó pode ser desfeito, sei disso. A questão é que não ouso chegar muito perto da Lua se a ideia de pegar um foguete para lá é ridiculamente distante da minha rotina atual. Pode ser que um dia dê certo? Ah, pode… Mas eu não consigo passar a vida pensando nisso.
Ao mesmo tempo, por mim passam pessoas com cotidianos diferentes – que permitem sonhos altos. E aí todo mundo acaba subindo para lá. E eu não. Parece tão fácil e, ao mesmo tempo, tão longe. É bem neste ponto que acabo largando a minha ideia. E, olha, nem dói. Só a deixo de lado porque sei que é fora de meu alcance.
Não vou negar que, em alguns momentos, ao relembrá-la, meu coração se enche de esperança: às vezes, alguns exemplos de pessoas que vieram de onde eu vim e chegaram lá fazem correr o frio na espinha que solta o alerta de “volte ao sonho, mesmo que seja insano”.
Sabe aquelas pessoas que não querem provar o chocolate porque não vão poder comprá-lo depois? Queria muito dizer o contrário, mas sou um pouco assim. Temo os meus desejos.
Sei que não é certo. Sei que devo lutar contra isso e me jogar no mundo, mesmo que ele pareça hostil e louco. Esta é, definitivamente, a minha maior batalha atual.