Eu não tinha dúvida alguma de que aquela era a pessoa certa para mim.
Tudo indicava isso. A nossa compatibilidade era incrível: não havia revistinha astrológica que indicasse uma combinação de signos que se desse tão bem. Desde o começo foi assim, como se a gente se completasse de um jeito bom, um preenchendo o quebra-cabeças do outro.
Os dias juntos sempre tinham sabor de algo leve e fresco. Como aquela sobremesa que a gente prova e sente o gosto fácil. E mesmo sendo assim, também passava longe de ser vazio. A gente tinha muito conteúdo, que circulava por nós de forma tranquila: os atritos eram raros e, quando aconteciam, se resolviam como um nó que desata de primeira.
Ele trazia junto a si a felicidade e falava que eu fazia o mesmo.
Só que o tempo passou.
E então as situações do presente foram se transformando. Estávamos sempre de mãos dadas, mas às vezes elas escorregavam pelo calor do suor, pela correria que nos puxava para lados opostos ou pelo vento que nos obrigava a, inevitavelmente, guardá-las dentro de um bolso qualquer. Não era pessoal e nada havia se quebrado até aqui: as nossas necessidades momentâneas apenas davam o rumo do que era o certo a se fazer.
Até que veio a distância e, depois dela, o fim. Suspensão. Pausa. Silêncio.
Tudo muito natural e sem grandes sofrimentos, afinal, fomos muito sinceros um com o outro e com o que estava acontecendo conosco. No fundo, a gente tinha certeza de que, na verdade, não era um adeus pra valer.
A nossa calma vinha, justamente, da noção certeira de que aquilo estava apenas sendo guardado com todo o cuidado possível, dobrado, amaciado, com cheirinho gostoso e com muito amor e carinho, para depois voltar a pulsar. Quando tiver que ser. Quando a hora chegar. Tic. Tac.