Certeza é uma palavra relativa.
Não, eu não espero que você vire um poço de dúvidas depois desta primeira afirmação. É que, de fato, a certeza é um negócio que faz com que a gente se convença da incontestável realidade de alguma coisa – e pronto. Um tipo de pílula mágica, cujos efeitos se dão em nossos corpos imediatamente após tomá-la. Só que, se se a gente for pensar a fundo, na realidade, este remédio é de efeito placebo.
Nada é tão certo assim. Todas as coisas são imperfeitas, de pessoas até pudins recém-saídos do forno, por mais que aparentem estar com a melhor das consistências do mundo. Ali no meio, tem um ou outro pequeno detalhe que impede a perfeição. Um ladinho mais torto do que o outro, mesmo que não seja tão visível a olho nu.
Não vamos pegar uma régua. Mas saberemos ao servi-lo. Porém paciência, tudo funciona desta forma.
Por consequência, olhando sob esta perspectiva, vemos que não há como tirar uma conclusão certeira de todo e qualquer assunto, porque as coisas são verdadeiramente voláteis. As rotinas que hoje se dão de determinada forma correm o risco de mudar sem qualquer aviso prévio. As nossas opiniões, de repente, se desfazem como um castelinho de cartas após a menor das brisas. Até aquele assunto no qual você aposta todas as suas fichas firmemente, sabe? Quem disse que não pode virar um espaço em branco em algum momento?
No fundo, você sempre soube disso. Talvez eu esteja apenas te lembrando. Mas de maneira alguma falo tudo agora para que você abandone suas certezas porque elas não existem. O grande fruto da certeza não é certeza redobrada – muito menos a reafirmação linear e constante de algo que a gente já sabia. A certeza existe para instigar a confiança.
Ela é a matéria-prima de tudo, a folha de papel que vai servir para que você faça a dobradura de aviãozinho. Tão simples, mas muito necessária, é aquele ímpeto de levantar e dar o primeiro passo. É a voz que sussurra ao pé do ouvido, dizendo que está tudo certo e que você deve fazer o que tem de fazer, com coragem e prontidão.
São múltiplas funções que, ao final das contas, não servem pra gente olhar para o futuro e dizer “está vendo, era isso mesmo que eu pensava que aconteceria” – por mais que, vá lá, algumas vezes até seja assim (lucky girl!). Servem para que a gente se mova na direção que sentimos ser a correta. Viu só? Falei “sentimos”. Porque na realidade ninguém sabe se é isso mesmo. A gente acha e acredita fortemente, usando o coração.
Então, se você quer usar a sua certeza, agora você já se recordou de como ela funciona e sobre o que se trata. Pode brincar de moldá-la da forma que bem entender: só se recorde de usá-la a seu favor. Tente sempre (eu recomendo!).
É só lembrar-se de levá-la o tempo todo com você.