Minha transição capilar começou há mais de um ano, bem lá no comecinho de 2016. Depois de quase uma década fazendo diferentes tipos de alisamentos, me dei conta de que não sabia mais como era a textura natural do meu cabelo. Entre uma progressiva e outra, a curiosidade falou mais alto e, ao invés de alisar toda a raiz como de costume, decidi fazer o alisamento só na parte da frente (franja e primeira mecha perto da orelha). Com o tempo, fui me acostumando com a ideia e decidi não alisar mais, pelo menos até o cabelo ficar do mesmo tamanho de antes e sem química de alisamento. Eu senti que precisava dar uma chance pra ele.
Foi engraçado, porque muita gente se surpreendeu quando meu cabelo começou a crescer e aparecer. Quando criei o Depois Dos Quinze, lá em 2008, eu já fazia escova e provavelmente essas pessoas achavam que meu cabelo era naturalmente liso. Lembro que, no primeiro vídeo, até duvidaram que meu fio ia realmente ficar encaracolado – mesmo eu mostrando fotos de quando era criança e dos meus pais quando jovens. Ao falar sobre esse assunto, abrir meu coração e ser sincera sobre os meus medos e inseguranças, eu não fazia a menor ideia de que o mundo das onduladas e cacheadas é um universo paralelo surpreendente, cheio de segredos, truques e técnicas. Mergulhei de cabeça.
Uma das primeiras coisas que descobri é que existe uma nomenclatura especial para as diferentes curvaturas dos fios. Fiquei horas lendo blogs e assistindo a vídeos sobre o assunto e ainda sim não consegui ter certeza sobre qual era a curvatura do meu próprio cabelo. Ainda bem que algumas leitoras entendidas do assunto me contaram que isso é super normal durante a transição. Ufa! Nosso cabelo ainda tem o peso da parte alisada do fio e a raiz está se recuperando, então provavelmente só teremos certeza de como o cabelo realmente será depois de muitos meses de transição. Isso também pode ir mudando ao longo do tempo, simplesmente por conta de hormônios, clima, temperatura, etc.
Essa tal nomenclatura é importante porque algumas marcas já colocam na embalagem para qual tipo de cacho aquele produto foi feito. Também é mais fácil de encontrar pessoas com o cabelo parecido com o seu. É só jogar no Google e voilà!
A PROGRESSIVA NÃO É A VILÃ
Nos anos que fiz progressiva, os cuidados que tinha com o meu cabelo eram bem limitados, viu. A real é que eu não percebia grandes resultados trocando as marcas e linhas dos produtos que usava. Independente do preço ou dos componentes, o resultado era sempre um cabelo liso escorrido e com as pontinhas meio retas, principalmente depois que comecei a fazer as mechas cobre. Isso não me incomodava tanto porque eu quase sempre finalizava com o babyliss. Quando criei o canal no YouTube, comecei a fazer isso duas ou três vezes na semana, então fui reparando que as pontinhas estavam mais e mais ralas, mas meus fios crescem bem rápido e um corte simples já resolvia o problema. Enfim, meu cabelo não era maravilhoso e super saudável, mas também não me dava tanto trabalho assim.
As pessoas falam que você fica escrava da progressiva quando alisa o cabelo no salão de três em três meses, mas eu continuo achando que, para algumas pessoas, ela liberta. Isso mesmo que você leu. Alguns cabelos são mais complicados e precisam de cuidados especiais. Com uma boa (mesmo) progressiva, você consegue um resultado legal sem gastar tanto tempo todos os dias. Depois de adulta, você se dá conta de que, em algumas fases da vida, esse tempo vale ouro.
OS GRUPOS DO FACEBOOK
Não entendia direito porque as pessoas gostavam tanto de grupos do Facebook. Até que comecei a transição e eles simplesmente se tornaram meu lugar favorito na internet. As meninas do Rotina Saudável, Onduladas do Beleza Mista e Cronograma Capilar me ensinaram taaanta coisa bacana! Fui descobrindo quais eram as marcas nacionais e importadas mais legais, técnicas de finalização para quem tem o cabelo ondulado/indefinido, como analisar o rótulo de um produto, o que é Lowpoo e Nopoo, penteados fáceis de fazer, quais profissionais de São Paulo são especializados em cabelos cacheados, receitas caseiras, etc. Tanta informação legal e relatos de garotas que, assim como eu, estão aprendendo como cuidar do próprio cabelo em transição.
Nesses grupos, eu aprendi que cada curvatura enfrenta seus próprios dilemas e poréns. Muita gente acha que cabelo ondulado não passa por transição, mas, pra mim, a grande questão é que nós, onduladas, crescemos acreditando que os nossos fios eram um liso meio estranho e incompreendido. Usávamos produtos para cabelos lisos, finalizávamos como cabelos lisos e prendíamos como cabelos lisos. O resultado? Um cabelo sem forma, difícil de lidar e muitas vezes taxados como bagunçado.
CABELO ONDULADO E COM FRIZZ NA MÍDIA
Já reparou que, na maioria dos filmes e séries, quando as personagens passam por alguma fase de transformação, eles alisam o cabelo da atriz para mostrar que, com os fios escorridos, ela está linda e pronta para se amar? Vi O Diário da Princesa pela primeira vez neste final de semana e isso me incomodou muito. Sei que é um filme antigo e que, na época, rolava a ditadura do cabelo liso, mas isso pra sim só o prova o quanto é importante continuarmos falando sobre o assunto com as novas gerações. Aliás, vocês viram a apresentação da Alessia Cara no VMA? Ela foi uma das minhas inspirações na transição.
É importante se inspirar em mulheres maravilhosas, fortes e reais. Ainda bem que, hoje em dia, na internet referências e inspirações não faltam, né? No começo do ano, fiz meu feed ficar repleto de ondinhas e cachinhos. Onde eu olhava, enxergava mulheres confiantes e apaixonadas pelo próprio cabelo. Depois de um tempo, eu comecei a me sentir assim também, mesmo ainda estando no processo de transição.
Minhas musas inspiradoras caso vocês também queiram seguir são @iam_dytto, @alessiasmusic, @zendaya, @lordemusic, @larissascanavini, @briciaemilyn, @seeufossealice, @carriehopefletcher, @mahoganylox, @Modices e @marivasconi. Tentei colocar meninas com curvaturas parecidas com a minha, caso você tenha alguma sugestão para deixar essa listinha mais completa, deixa ali nos comentários. Hehe!
Antes de qualquer coisa, entenda que o seu cabelo não é exatamente igual ao de ninguém. Isso evita que você crie expectativas e acabe se frustrando depois.
MEU NOVO CORTE DE CABELO
Durante a minha transição, fiz dois cortes de cabelo relevantes, ambos com o Rodrigo Vizu. Da primeira vez, tirei as pontas (uns 6 dedos), que estavam muito danificadas e, na segunda, cortei na altura dos ombros e bem repicado, tirando praticamente toda a química dos fios.
O corte foi importante porque foi quando eu realmente me vi ondulada outra vez. Estranhei bastante o comprimento no começo, já que sempre tive cabelão até a cintura, mas fui me acostumando e aprendendo a amar meu novo visual. Foi legal porque coincidiu bem com a época do meu intercâmbio e minha vida mudou bastante nesses últimos meses. Quase como se o cabelo novo tivesse me dado mais força para lidar com as mudanças. Bruna nova, vida nova.
SAIR DE UMA PADRÃO E ENTRAR NO OUTRO
O que eu reparei depois de começar a compartilhar fotos da minha juba no cotidiano é que as outras pessoas nunca estão satisfeitas. Todos os dias leio comentários tipo “precisa amassar mais”, “esse frizz tá horrível”, “preferia seu cabelo antes”, “você precisa usar difusor para o cacho ficar perfeito”, “seu cabelo parece estar ressecado”, “arruma esse cabelo”, etc.
A sensação que eu tenho é que, para quem tá de fora, o cabelo cacheado/ondulado só é bonito quando está 100% no lugar, todo alinhadinho. O que essas pessoas não sabem é que, na maioria das propagandas, séries ou festas cheias de celebridades, esses cabelos ~cacheados~ foram modelados com babyliss e afins. Alisados e depois modelados. O resultado é lindo, mas é diferente do cabelo naturalmente cacheado/ondulado. Na vida real, é normal um cabelo ter frizz, volume, ficar marcado, etc. Não quer dizer que ele não está bem cuidado. Quer dizer que aquela pessoa vive a vida dela e tem outras coisas mais importantes naquele momento para se preocupar ou simplesmente porque ela ama o cabelo assim e pronto.
Se você sai de um padrão para seguir outro, a coisa toda, na minha opinião, acaba perdendo um pouco do sentido. Nenhum produto, nenhuma linha, nenhuma marca, nenhum corte ou técnica vai transformar seu cabelo de uma hora pra outra. O que precisa ser transformado é a maneira que você se enxerga. No minuto que você se sentir linda da forma que é (alisada ou não), todas as outras pessoas vão se sentir prontas para fazer o mesmo. Isso, por experiência própria, eu posso garantir pra vocês! ;)
Ps: Gostou? Então fica de olho aqui no blog. Nos próximos posts, vamos falar sobre os produtos que estou usando, as técnicas de finalização que mais deram certo pra mim e os cuidados que estou tendo para o meu cabelo crescer tão rápido.