Ontem foi um dia muito triste pra mim. Zooey, minha cadelinha que estampou a capa do meu primeiro livro e que apareceu tantas vezes aqui no blog, faleceu. Foram quase 7 anos fazendo parte da minha vida e imaginar que ela não vai mais estar no portão latindo quando eu voltar para casa da próxima vez me aperta o coração de um jeito que eu nem sei descrever. É um vazio que dói na alma. Pra ser bem honesta acho que a ficha ainda não caiu totalmente. Sinto que eu tô num daqueles pesadelos que fazem a gente acordar no meio da noite. Quando eu abri os olhos hoje de manhã desejei com todas as minhas forças que tudo isso fosse mentira. Não era. Não foi um sonho ruim. Ela não existe mais fora de mim.
O jeito que eu arrumei de lidar com tudo isso foi tentar escrever esse texto pra nunca esquecer do quão incrível ela era. Minha memória é uma merda e eu só tenho 23 anos. Quero poder falar da Zooey para os meus filhos, para os meus netos e pra todo mundo que não teve a sorte de conviver com ela.
Zooey foi o meu grande sonho de infância realizado. Coloquei na cabeça que queria um cachorro e não dei descanso pra minha mãe até ela finalmente me deixar adotar um – isso levou alguns bons anos. Lembro como se fosse ontem do dia que fui buscá-la. Ela era tão pequena. Uma bolinha de pelos com olhos arregalados pra mim. Desde aquele dia eu nunca mais me senti completamente sozinha. Nas minhas sessões de fotos pro Flogvip no terraço de casa, nas vezes que a minha mãe me pedia pra ir comprar pão na Padaria ou nas longas madrugadas escrevendo posts de desilusão amorosa para o blog. Não importava o quão ruim meu dia tinha sido, eu sabia que ela sempre estaria ali no portão me esperando voltar da aula.
Quem a conheceu sabe que ela tinha muita personalidade. Assim como quase todo Schnauzer Zooey era extremamente escandalosa e ciumenta. Quando estava por perto ninguém podia me abraçar, beijar ou brigar comigo. Na frente das pessoas eu dava bronca, mas no fundo eu achava legal saber que ela se importava tanto assim comigo. Foi época em que não tinha muitos amigos e ela preencheu muito bem esse posto.
Eu a mimei muito a vida toda e faria tudo de novo se pudesse. Toda vez que eu viajava voltava pra casa com brinquedos que faziam “fom fom” (ela amava andar pela casa fazendo esse barulho haha). Sei que cachorro não entende nada do que a gente fala, mas eu posso jurar que a Zooey sempre soube o quanto eu precisava dela.
Quando mudei pra São Paulo eu chorava escondido todos os dias antes de dormir. Eu sentia falta da minha família o tempo todo, eram horas diárias no Skype, mas quando eu me desligava de tudo e olhava pro teto no escuro eu só conseguia pensar no quanto eu queria que ela estivesse ali comigo. Meus pais sabiam disso e em num dos meus aniversários longe de casa por conta do trabalho eles a colocaram dentro de uma casinha de cachorro e viajaram quase 10 horas de ônibus só para fazer uma surpresa pra mim. Foi o melhor presente surpresa que eu já ganhei. Quando a porta do apartamento abriu e eu escutei o latido inconfundível dela comecei a pular de felicidade. Acho que desde aquele dia meu objetivo de vida virou trazer todo mundo para morar em São Paulo comigo.
A parte mais difícil de perder um animal de estimação é perceber que o tempo passou rápido demais e que a gente não pode fazer absolutamente nada pra mudar isso. Sinto que ela era o elo entre o meu passado e o meu presente e que uma parte importante de mim morreu junto quando ela respirou pela última vez. Sei que Deus foi bom e fez com que ela não sofresse tanto. Sei também que o latido inconfundível dela vai sempre ficar guardado em mim.
*Zooey, meu bebê, eu não sei se você virou um anjinho ou se já voltou como filhote num outro cachorro pra alegrar a vida de alguém. De qualquer forma, espero que aí no céu tenha uma cama elástica tão legal quanto a nossa de Atibaia. Não vai ter tanta graça pular aqui sem você. Desculpa por não ter voltado a tempo e por estar atrasada para o meu voo e talvez não ter me despedido direito. Te amo pra sempre.