Você lembra o que estava fazendo há exatamente um ano? O que te fez feliz? O que mais te marcou e o que desapareceu da sua memória como se não tivesse importância?
Sou levemente obcecada por datas. Em 2013, em uma viagem (a minha primeira internacional, para Los Angeles – com a Bruna! Se você for leitora das antigas, talvez se lembre), comprei um journal, o “The Happiness Project”. A ideia do livro era que eu escrevesse, ao longo dos próximos cinco anos, um resumo sobre os melhores momentos do meu dia. Todos os dias. Com 365 páginas, ao final de tudo eu saberia como vivi o mesmo dia ao longo de meia década.
Bom, para mim missão dada é missão cumprida. A cada folha, quatro linhas para contar, cinco vezes, algo bom sobre o que havia vivido nas últimas 24 horas. Comecei empolgada e não via a hora de virar o primeiro ano para começar a ler sobre o ano anterior. Assim fui, sem perder um dia sequer – e sempre me surpreendendo:
“Já faz um ano que liguei o meu primeiro micro-ondas à luz de lanternas porque eu estava animada demais para esperar pela manhã seguinte?! Minha primeira compra adulta!”
“Como assim a mesma coisa aconteceu no mesmo dia em três anos diferentes? Choque!”
“Nossa, como a minha vida mudou de 2015 pra cá…”
Os cinco anos estão para terminar e logo, logo o meu livrinho querido acaba. Gostei tanto da experiência e das reflexões diárias que decidi escrever este texto para incentivar você a fazer o mesmo. É um diário, sim. Demanda esforço e memória também. Mas sentir que os dias não estão indo embora para sempre – nem o mais banal deles – é uma coisa linda demais da conta.
Este livrinho está registrando, dia a dia, o período entre os meus 23 e os 28 anos. Praticamente todos os momentos mais importantes dos últimos tempos estão lá: todas as minhas viagens internacionais da vida, por exemplo. O ano em que morei na Inglaterra. Os meus primeiros anos trabalhando no Depois dos Quinze. O meu tão sonhado curso de teatro. Shows. Peças de teatro. Jantares com as amigas. Dias de folga vividos no sofá, de pijama, com brigadeiro ao lado. Bom lembrar deles. Bom demais lembrar disso tudo.
E sabe o que é engraçado? Notar as tais coincidências que você jamais perceberia. Viajei para o Rio de Janeiro e para a Califórnia bizarramente nos mesmos dias de anos diferentes. Tive ideias e tracei metas que se concretizaram exatamente um ou dois anos depois de quando foram registradas pela primeira vez. Vivi histórias marcantes consecutivamente no mesmo dia, todos os anos. De manhã, ao ler as anotações do dia atual, às vezes penso: “Nossa, que responsabilidade viver o dia de hoje! Ele foi incrível nos últimos quatro anos.”
Hoje, por exemplo, é aniversário de uma de minhas melhores amigas – que conheço há menos de dois anos. Quando acordei, abri o livrinho e descobri que, em 2014, neste mesmo dia, vivi uma das minhas maiores aventuras da vida. Passei 12 horas em Paris: visitei a Torre Eiffel e o Louvre pela primeira vez, entrevistei o elenco de um filme super legal (caso você esteja curiosa, é o “Fury”) e, pasmem, conheci e falei com o Brad Pitt numa première! Costumo dizer que foi um dos momentos mais inesquecíveis da minha história. E amei saber que, em 2017, este dia se tornou mais especial ainda. Com ele, agora virão não só memórias, mas também o amor atrelado ao aniversário de alguém importante.
Não é legal? É claro que, de algum jeito, você consegue algo parecido tendo o Timehop instalado no seu celular, vendo as lembranças do Facebook ou mesmo voltando nos posts antigos do seu feed do Instagram. Mas ler os momentos marcantes do seu dia escritos por você, com a sua letra… Ah, é diferente. Com qual frequência você de fato escreve atualmente? Não estou falando de digitar, viu. Aposto que, se não está estudando, por exemplo, talvez o papel e a caneta não tenham sido seus companheiros diários… Certo?
Ei, vem comigo, entre para o meu time. Se você quiser, pode comprar um journal como o meu. Ou pode separar um carderninho e transformá-lo no seu livro de memórias e momentos. Não importa! Mas não deixe de registrar a sua juventude, suas aventuras, seus dias normais, suas tristezas, suas vontades… E vá descobrindo, ano após ano, como você tem aproveitado a vida.
Os dias não irão embora. Nem as memórias. E o banal virará surpresa, graça e preciosidade.
Me parece um bom negócio. Vamos nessa?