Nesse final de semana, assisti a “Lady Bird“, um dos filmes mais bem avaliados pela crítica americana nos últimos anos. Li a sinopse na internet e de cara já adorei. Confesso que fiquei curiosa para saber como uma história relativamente tão simples agradou a tanta gente. Adoro e confio no trabalho da Greta Gerwig, então na primeira oportunidade que tive fui ao cinema e dessa vez ainda consegui levar o Pedro comigo. rs
A história é, sim, bem comum, mas é contada de um jeito único e sensível. Se você nasceu no interior ou já desejou muito voar para longe da sua zona de conforto durante a adolescência, tenho certeza de que vai gostar muito da forma com que a diretora descreve e mostra o amadurecimento da personagem principal, a Lady Bird. Infelizmente, o filme só estreia no Brasil em 2018, mas dá pra assistir ao trailer aqui e matar um pouquinho da curiosidade.
Saí do cinema feliz por alguém finalmente ter conseguido de forma genuína contar uma história sobre uma adolescente (ou o seu universo de forma geral) sem caracterizar tanto assim os personagens principais e coadjuvantes. Isso tem me incomodado muuuito ultimamente. Assisto ao filme/novela/teatro, reparo em volta ou busco na minha memória e percebo que na vida real as coisas são/eram beeem diferentes do que retrataram ali. Por que diabos estão tentando fazer a gente acreditar nisso? Quem disse que esse é o jeito certo de contar uma história?
Sei que na ficção tudo pode acontecer, liberdade do autor/diretor, mas sinto que essa nossa geração se cansou um pouco das histórias em que os personagens são extremamente caricatos. Pelo menos eu cansei. O que eu quero dizer é que ninguém é 100% bom ou mau o tempo todo. Nem todo personagem popular precisa ser malvado. Nem todo personagem tímido precisa sofrer bullying ou usar óculos. Nem toda personagem com o cabelo cacheado precisa passar por uma uma transformação. E por aí vai.
Não é apenas para fazer parte do que é considerado politicamente correto hoje em dia. É sobre fisgar a atenção de alguém que precisa urgentemente ser compreendido. De alguém que vai usar aquela história como referência, já que é a sua primeira vez vivendo aquela determinada situação – primeiro beijo, primeira vez, escolher o curso da faculdade, etc. É sobre usar a arte pra ensinar uma nova forma de ver e viver o mundo.
Quero muito trabalhar isso como autora nas minhas próximas histórias. Muito mesmo. Mostrar que não existe uma regra quando se trata da personalidade e escolhas pessoais de alguém. Somos muito mais complexos.
Gostaria que a próxima geração já crescesse tendo isso em mente.
É por essas e outras que o meu novo desafio pessoal para esse restinho de ano (e período pré-escrita, rs) é assistir com um olhar diferente a filmes feitos para jovens/crianças nas décadas passadas. Não estou aqui pra dizer o que é certo ou errado e julgar os atores ou diretores. Sei que era outra época e outra geração, mas, já que vivemos em 2017 e aprendemos muita coisa desde então, por que não tentar mudar a próxima página que ainda está em branco, né?!
Nas próximas semanas, quero fazer outro post aqui no Depois Dos Quinze mostrando tudo o que vi e me incomodou de alguma forma – e como isso refletiu indiretamente na maneira com que lidei com meus problemas durante a adolescência. Se vocês quiserem indicar algum filme/livro/série que eu pre-ci-so assistir, deixem aqui nos comentários.