Tinha acabado de ver a metade da primeira temporada de “Dark”, na Netflix, de uma só vez. Cinco episódios seguidos. Comecei pensando que seria algo totalmente… dark mesmo, né? Puxado para o terror, aquele tipo de coisa que gruda você no sofá e não há outro jeito a não ser desligar a televisão e correr para o quarto quando terminar. Só que, se você já viu a série (ou, se ainda não, desculpe os spoilers!), sabe que, embora tenha os seus momentos de terror, ela é muito ampla e fala bastante sobre viagens no tempo.
Como não resistir ao impulso de traçar um paralelo com a vida real e se imaginar entrando numa caverna que te leva diretamente a alguns anos atrás? Difícil. Quis assistir algo que pudesse me distrair de fatos que aconteciam justamente por conta de erros do passado e fui pega pela minha própria vida – entrando de penetra no meio de toda aquela ficção.
Tentei deixar a ideia de lado: para, menina, se concentre aí no plot que, por aqui, não tem como voltar mais.
Só que era inevitável. Ah, como eu queria poder voltar…
Porque, se voltasse, eu faria tudo diferente. Impossível não recorrer ao clichê, mas é real.
Não teria escolhido aquele caminho. Não teria dito as coisas que falei, porque não sabia que o desfecho delas seria tão triste para mim. Avisaria a mim mesma, se pudesse, que tantos feitos trariam efeitos – e estes me fariam sofrer bastante, ah, de um jeito que eu nem imaginava. Faria, então, o contrário do que um dia fiz.
Mas aí outras coisas me ocorreram – e foi até o enredo da própria série que me abriu essa janela – porque sozinha e com um tantinho de arrependimento, às vezes a gente pensa que o único jeito é aquele impossível. Bem, pelo menos para quem não vive em uma cidade do interior da Alemanha chamada Winden. Hehe.
Aquela amiga que fiz depois que as coisas deram errado não existiria na minha vida se eu mudasse tudo. Também não teria passado tanto tempo sozinha, me conhecendo tão profundamente como conheci – pois é, no poço eu fui até o fundo e, ali, surgiram entendimentos e reflexões. E, com isso, veio a valorização do que antes não parecia tão fundamental assim. A consciência daquilo que eu não tinha. Esta brecha de luz que só entrou porque, em determinado momento, tudo se quebrou.
Decidi esquecer o buraco no espaço-tempo e a viagem para o que ficou pra trás.
Eu ainda estava ali no escuro. Na sala e por dentro também. Mas não precisava, afinal, voltar ao passado. Eu já sabia que o que aconteceu havia sido necessário. E, bem, se eu quisesse voltar alguns passos para trás, eu podia, mas aqui, bem no presente, comprando as minhas responsabilidades e crescendo com o que viria a partir delas.
Bola pra frente é o que se fala, né? Mesmo quando a gente quer dar uns chutes pra trás.
Tá tudo bem também.