Escrito pela filósofa Marcia Tiburi, o livro “Feminismo em Comum: Para Todas, Todes e Todos” nos interessou de cara. Quase tudo o que sabemos e aprendemos sobre o movimento feminista veio quase inteiramente da internet ou de livros que tratavam disso, mas que não tinham o feminismo como tema central. Ou seja, começamos a leitura por aqui já com muita vontade de saber mais. Neste post, contamos o que achamos da obra!
O livro foi publicado pelo Grupo Editorial Record e o mais legal é que ele leva o nome da Rosa dos Tempos – um selo feminista criado em 1990 e que voltou agora reunindo um coletivo de editoras incríveis. O livro é pequenininho, fácil de levar na bolsa e possui páginas off-white.
Descrição: Podemos definir o feminismo como o desejo por democracia radical voltada à luta por direitos de todas, todes e todos que padecem sob injustiças sistematicamente armadas pelo patriarcado. Nesse processo de subjugação, incluem-se todos os seres cujo corpo é medido por seu valor de uso – corpos para o trabalho, a procriação, o cuidado e a manutenção da vida e a produção do prazer alheio –, que também compõem a ampla esfera do trabalho na qual está em jogo o que se faz para o outro por necessidade de sobrevivência. O que chamamos de patriarcado é um sistema profundamente enraizado na cultura e nas instituições, o qual o feminismo busca desconstruir. Ele tem por estrutura a crença em uma verdade absoluta, que sustenta a ideia de haver uma identidade natural, dois sexos considerados normais, a diferença entre os gêneros, a superioridade masculina, a inferioridade das mulheres e outros pensamentos que soam bem limitados, mas ainda são seguidos por muitos. Com este livro, Marcia Tiburi nos convida a repensar essas estruturas e a levar o feminismo muito a sério, para além de modismos e discursos prontos. Espera-se que, ao criticar e repensar o movimento, com linguagem acessível tanto a iniciantes quanto aos mais entendidos do assunto, Feminismo em Comum seja capaz de melhorar nosso modo de ver e de inventar a vida.
Direto ao ponto, sucinto, fácil de entender – o livro é estruturado de uma forma quase didática e as palavras ali são tão exatas e verdadeiras que dá vontade de sair citando em todo e qualquer lugar, sabe? Marcia começa falando da urgência de encarar o feminismo como potência transformadora e logo segue para uma jornada que nos estimula a pensar o movimento e colocá-lo em prática. Ela nos explica, então, o título do livro – sobre a luta de todas, todes (ela opta pelo “e” para identificar o gênero não binário no livro) e todos. Sobre isso, não poderíamos deixar passar a citação aqui – uma vez que ela é mesmo muito importante:
“O feminismo nos leva à luta por direitos de todas, todes e todos. Todas porque quem leva essa luta adiante são as mulheres. Todes porque o feminismo liberou as pessoas de se identificarem como mulheres ou homens e abriu espaço para outras expressões de gênero – e de sexualidade – e isso veio interferir no todo da vida. Todos porque luta por certa ideia de humanidade e, por isso mesmo, considera que aquelas pessoas definidas como homens também devem ser incluídas em um processo realmente democrático.”
Assim, a obra segue com capítulos curtos e bem diretos em seus conceitos sobre misoginia, diálogo, a ideologia patriarcal, direito de ser quem se é e muitos outros aspectos importantes. Um deles fala de política no sentido que conhecemos hoje em dia, jogo de poder entre partidos, e como o feminismo visa desestabilizar um estado de coisas caracterizado por sua injustiça – sendo assim uma “ético-política”. Nesta passagem, achamos incrível a frase de Marcia:
“O fato de as mulheres não fazerem parte da vida pública não se explica apenas por elas terem sido afastadas desse espaço em momentos diversos. Mas porque elas não contaram a sua própria história”.
Sim, não só nesta parte, mas em todos os outros pontos levantados pela autora, notamos cada vez mais como é difícil conquistar o nosso espaço e por isso que precisamos lutar para tanto. Tudo fica extremamente claro.
Ao final da leitura, concluímos que o livro é essencial para todo mundo – ele ajuda muito a compreender algo que deveria ser tão simples, que são os direitos iguais para todos. Marcia transforma em palavras essa ferramenta poderosa que possuímos – e devemos engrossar o seu coro para mudar as velhas estruturas que ainda estão por aí.
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