Anos atrás, quando esse blog ainda nem existia, eu tinha uma visão bem diferente do que era a amizade. Sempre fui uma garota tímida, então eu enxergava barreiras onde teoricamente, só existiam pontes. Não conseguia me impor, e mostrar para as pessoas quem eu realmente era ou gostaria de ser. Eu até tinha amigas, poucas, mas tinha.
A questão é que na época, por inocência, eu fantasiava demais as coisas. Deixava passar certas atitudes, e fingia que tudo aquilo era normal. Resumindo: Pagava pau pra quem nem se importava comigo.
O tempo foi passando e algumas coisas aconteceram. Em tempo, percebi o quanto as coisas poderiam ser diferentes se eu tomasse certas atitudes. E tomei, Não foi fácil, eu me senti sozinha durante dias e noites. Foi horrível. Eu chorei em um quarto escuro por horas. Mas eu precisava fazer. Pra descarregar toda aquela energia. E em meio a tantas incertezas, encontrar quem eu realmente sou e o que eu realmente quero.
Então, muitas coisas incríveis começaram a acontecer. Por causa disso ou não, fui me afastando do meu antigo eu para conhecer o meu agora: O presente. Alguém mais madura, menos dependente e confiante. Nessa mesma época, ganhei um concurso e uma viagem pra Paris. Por sorte ou destino, tudo que era pra dar errado, deu certo.
Na época, quando o resultado saiu, eu precisava de alguém pra ir viajar comigo. Aqui na minha cidade poucas pessoas que eu conheço e confio sabem falar inglês fluente e já foram pra fora (requisitos impostos pela minha mãe). Semanas antes, enquanto conversava com uma amiga “de internet” no msn, comentei da hipótese da viagem e do como seria legal viajar com ela. Acabou que na última hora, com desistência de uma tia, minha mãe aceitou a ideia de eu ir com uma desconhecida. Marcamos um dia antes da viagem, em Belo Horizonte. Lá nós e nossas mães finalmente nos conheceríamos.
Nos falamos bastante por messenger, e no dia, tudo deu certo. Nossas mães se deram super bem, e nós também. Viajamos juntas para o lugar mais incrível que já estive, e vivi uma das melhores semanas da minha vida. Com direito a centenas de fotografias, micos, conversas e muita, muita risada. Lembro que quando acabou, do ônibus, olhando através da janela a estrada se movimentando, odiei mil vezes morar tão longe.
Os dias foram passando e com muitas conversas e risadas, nós fomos compartilhando a mesma lembrança. E criando uma amizade bem bonita, coisa que eu já nem acreditava mais poder acontecer na minha vida. Nos demos tão bem que até fizemos planos: Talvez no próximo ano moremos juntas lá em São Paulo.
Vocês devem estar se perguntando “por que ela tá contando isso?” né?
Hoje, enquanto voltada de viagem e observava as infinitas montanhas aqui de Minas, percebi uma coisa: As barreiras que mais nos limitam são aquelas que nós mesmos criamos. A distância não é nada perto do que a gente tem dentro do peito. Seja amizade, amor ou só carinho.
O mundo é tão grande, tão cheio de pessoas sorridentes e misteriosas. É bobagem ter medo de encarar isso. Não precisa ser agora, não precisa ser semana que vem, queria apenas que vocês enxergassem isso dessa maneira.
Se você estiver se sentindo sozinha agora, ou sei lá, quando sair em uma sexta-feira à noite, não se culpe. Nem sempre é fácil ser quem se é, e principalmente, nem todo mundo é obrigado a amar você. Sabe aquela coisa de não esperar demais dos outros? É bobeira. Se a gente parar de acreditar em quem a gente ama, a gente para, sem querer, de acreditar em nós mesmos.
Por um mundo onde maquiagens duram mais quando são compartilhadas. Onde sorrisos não são apenas para fotos. Onde amizade é amizade, independente do tempo, distância ou o que for!