Olha só que merda: Ando com uma preguiça enorme das pessoas que conheço. Não vejo mais graça naquelas baladinhas de final de semana, lá na Augusta. Também não quero mais que façam almoço aqui em casa no final de semana. Tô numa vibe óculos de sol e fone de ouvido. Solidão, roupas espalhadas na cama e um colchão inflável enorme que ganhei logo que mudei, e que ocupa praticamente a sala toda. Talvez seja por isso que eu goste tanto de dormir nele quando estou confusa. Quanto menos espaço vazio, melhor.
Summer, a gatinha que adotamos no começo do ano, adora essas minhas fases. Curte tanto uma bagunça, que quando meu quarto está inabitável, se enfia numas peças de roupa e olha com cara de “tá tudo bem mãe, a gente vai logo dar um jeito nisso aqui”. Nessas horas, só consigo me perguntar: como eu pude ter medo de gatos um dia?
É meio que segredo, mas ando me apaixonando por estranhos na rua. Vocês vão dizer que é carência. Deve ser. Mas tô fingindo que é tudo super normal. O barulho, o trânsito, o shopping gigante e o fato de agora eu morar 655 fucking quilômetros de casa. Não tenho do que reclamar, eu sei, mas fazer o que se, às vezes, bem às vezes, eu me olho no espelho e fico fazendo perguntas do tipo: Como você veio parar aqui, menina? Vai saber.
Meu esmalte preto tá descascado e a pia com uma espécie de engarrafamento de pratos e potes. Parece até que eu cozinho alguma coisa. Por falar nisso, tenho uma confissão estranha a fazer: às vezes, curto ficar presa no trânsito. Sei lá, é que isso não é tão comum na minha cidade. E são nesses minutinhos que consigo parar pra pensar em algumas coisas e pessoas. Se isso é bom ou não? Sei lá. É incrível como o tempo passa rápido por aqui. Meu dia deveria ter mais pelo menos 5 horas. Putz, anoiteceu e eu esqueci de novo de pagar aquela conta.
Não consigo parar de cantarolar “Somebody That I Used to Know” há dias. Gotye, ou seja lá quem for o autor da letra, escreveu essa música como indireta pra mim, certeza. A carapuça serviu direitinho.
Meu cabelo tá crescendo e isso é um sinal que o tempo tá passando. Continuo odiando atender o telefone e ir no supermarcado sozinha, mas sei que nos últimos meses mudei bastante. Tenho me parecido cada vez mais com aquela garota que sempre tive vontade de ser, a protagonista dos meus textos prediletos. Menos menininha vintage. Mais mulher, mais eu. Todo mundo assusto quando me vê pessoalmente. Me imaginam mais alta. Me imaginam mais boba. Não sou asim, pô! Acho que tem a ver com os tombos que levei. Depois de umas desilusões amorosas aí, entendi finalemnte que o amor é um sentimento que na verdade serve como uma espécie de combustível. Cada vez mais caro. Cada vez mais raro. Mas sempre necessário. Acho que todo mundo precisa de um tempo sozinha pra descobrir certas coisas.
Por que todo texto meu tem que, no começo meio ou final, falar de de amor? Droga.
Não vejo a hora de ter grana o suficiente pra comprar meu apartamento e trazer minha cadelinha Zooey lá de Minas pra cá. Não sei como vou fazer com as constantes viagens dessa minha nova rotina, mas como aprendi com a Summer, isso a gente vê depois.