Comecei a escrever com 14 anos. Na época meus textos não passavam de desabafos cheios de erros de português. O que eu queria mesmo era colocar aqueles meus sentimentos secretos pra fora. O problema é que nessa época eu ainda não tinha o costume de ler. Aliás, não lembro desse hábito na minha infância. Só visitava a biblioteca quando me obrigavam na aula de redação. Para vocês terem uma ideia, o primeiro livro que li por vontade própria foi o volume I a série “Poderosa”. Mesmo assim só peguei porque achei a capa legal e todas as minhas colegas de turma viviam comentando sobre a história.
Os meses foram passando e eu comecei a ficar mais tempo na internet e nas redes sociais. Nunca gostei muito de jogos, como meu irmão, então ficava online conversando com amigos virtuais, postando fotos bizarras da minha época EmOxinhahh e lendo aqueles trechos que faziam sucesso no orkut e hoje são super compartilhados no tumblr e facebook. Em paralelo, o blog foi crescendo e criando forma. Junto com as novas leitoras, foram surgindo críticas e eu me vi no dever de melhorar a escrita. Para isso, nada melhor do que… tchanãã… leitura!
No entanto, isso só virou um prazer quando deixei de lado aquele sentimento chato de obrigação. No primeiro momento, passei a ler apenas aqueles autores que eu realmente gostava e me identificava. Isso acabou me inspirando e além de melhorar minha escrita, fez com que eu me apaixonasse pela arte. Ou seja, parei de escrever só sobre a minha vida e comecei a inventar cada vez mais personagens. Superei uma desilusão amorosa e descobri minha profissão.
Sinto que ainda estou bem longe de ter uma escrita perfeita. Mas cada vez que leio um livro ou vejo um comentário de vocês nos meus textos aqui no blog, tenho certeza que estou indo pelo caminho certo. Acho que quando você encara uma obra como uma história que estão te contando, fica bem mais divertido. Os intervalos das leituras começam a equivaler aos comerciais da TV. Você não vê a hora de saber o que vai acontecer depois. Essa é a parte legal. Ao contrário dos filmes e afins, na leitura, quem tem que criar a cena é você. Tudo acontece dentro da nossa cabeça. A imaginação é nossa grande roteirista.
Por que tô contando tudo isso? É que o livro “Palavra por palavra” de Anne Lamott me fez voltar no tempo e perceber um monte de coisas que eu nunca tinha parado pra pensar.
A obra da autora norte americana fala um pouquinho sobre o que de fato é a profissão escritor (e não o que a maioria dos aspirantes imaginam que seja). O livro é bem interessante para quem pensa em trabalhar na área, porque além de dar dicas e ensinar técnicas de como escrever melhor, criar suas histórias e ter uma obra publicada, ensina lições da vida real. Uma espécie de autoajuda diferente.
A leitura deve ser feita com papel e caneta na mão. Em vários momentos tive vontade de copiar o trecho e colar no meu mural. Sabe aqueles toques que vão fazer toda diferença na hora que você estiver escrevendo seu próprio texto?
No livro a autora faz questão de dizer que não acredita em fórmula mágica para escrita. Segundo ela, a gente tem mesmo é que sentar na cadeira e disciplinar o inconsciente para produzir em determinados horários, seja às seis da manhã ou às dez da noite. Anne assegura que a grande recompensa é a escrita em si e não a publicação.
Para mim, o que ela proporciona nas páginas desse livro não tem muito a ver com regras de literatura e sim com o amor pela leitura e escrita. O sentimento que cada história envolve e o ambiente criado pelo autor, que acaba provocando nos leitores reações completamente diferentes. Essa á graça. É uma espécie de magia, concordam?
DICA: No site da Saraiva o livro custa só R$19,00.