Estou na casa dos meus pais desde o final da última semana. Assim como milhares de pessoas do mundo todo, embarquei para o interior com o intuito de passar o Natal perto da família. Exigência da mamãe e também do meu pobre coração. Passei os últimos dias aproveitando a aparente preguiça dos relógios daqui. Li os livros que queria, comi mais do que deveria e dormi o quanto precisava. Caixa de entrada lotada? Só pode ser spam! I Don’t Care. Pelo menos não até o ano que vem.
Escrevo este texto direto do quarto que foi meu até um dia desses. As paredes, agora pintadas de branco, não conseguiram apagar minhas lembranças. É como se o tempo só tivesse passado dentro de mim. Minha perspectiva de mundo é outra, mas o mundo continua o mesmo. As ruas. A mania que o pessoal tem de ir para um determinado bar e ficar até a madrugada bebendo, em pé. O clima. O calor por aqui é o começo de qualquer assunto. “Tá calor, né?” ” Pois é…”. As pessoas. Convidei minhas antigas melhores amigas para sair. Foi legal e sincero. Como se o tempo que ficamos longe fosse o mesmo daquelas típicas férias de Dezembro. No primeiro dia de aula, depois de todo mundo voltar de suas respectivas viagens com a família, lá estávamos nos colocando o assunto em dia e contando as aventuras e desventuras dos dias longe da rotina do resto do ano.
Em 2012 minha perspectiva da vida mudou. Das inúmeras transformações que graças a Deus, viraram um livro, me resta falar sobre aquela que acabei de vivenciar. Do acaso, ou quase, que torna esse texto diferente de todos os que já escrevi.
Este ano conheci mais pessoas do que em provavelmente toda minha vida. O contraditório é que também foi um ano solitário. Em poucos momentos estive de fato sozinha, mas em muitos deles me senti assim. Rodeada de pessoas que me conheciam, cameras, e sonhos realizados, mas mergulhada em um universo que ainda não era de fato meu. Talvez eu tenha me colocado nessa situação, por diversas vezes, sem motivos reais. Sentimentalismo puro. Qualquer garota gostaria de estar no meu lugar. Mas como eu podia pensar isso se eu não sentia de fato que aquele era o meu lugar? Demorou um bom tempo para a ficha cair.
São Paulo não me engoliu. Não deixei meus valores de lado e tenho muito bom perceber isso. Continuo sendo simples e gostando daquelas antigas coisas. Ok. Agora minha sobremesa predileta é Frozen Yogurt e eu sou obrigada a comer peixe todos os dias no almoço. O que estou tentando dizer é que fico feliz por ainda me sentir realmente feliz com o que muitos que ando conhecendo consideram pouco. Sabe? Do silêncio, das madrugadas em casa. Não sou festeira, não gosto de bebida e isso costuma fazer com as vida não tenha graça. A minha tem. Também tenho orgulho em dizer que amadureci sentimentalmente. Continuo uma boba romântica, mas agora sei que existe uma grande diferença entre o que real e o que é fruto da minha imaginação, às vezes nostalgica, às vezes sonhadora. No final das contas o que importa é o que nos faz sorrir e ter vontade de viver. O resto serve é como inspiração.
Para terminar, quem eu fui em 2012? Uma nova e inesperada versão de mim mesma. A consquência de encontros e desencontros. Acho que cheguei perto daquela garota que idealizei. Ainda muito bagunceira, apaixonada pelo que a vida me permitiu fazer diariamente e ainda com um sonho em mente. Dessa vez o que eu quero, além do que tradicionalmente entra para minha lista de desejos de ano novo (escrever cada vez mais, levar o blog para novas leitoras e viajar para lugares inesquecíveis) é ter minha própria casa. Ou melhor, considerando a cidade, apartamento. Quero é espaço para ter minha cadelinha junto comigo o tempo todo e ainda fazer bagunça na sala sem ter que me preocupar com o resto. É muito? Sei lá. Vou descobrir tentando, e claro, vivendo.