Sempre chega um momento na vida em que temos que decidir entre nós e o mundo. Calma, é bem mais simples do que parece. Já notou que sempre tem algum aspecto na nossa vida em que nós gostamos mais de uma coisa, mas os outros nos consideram melhor em outra? Por exemplo, eu adoro desenhar animais. Aí vai aparecer alguém dizendo que eu deveria desenhar pessoas, porque eu as desenho muito bem. Mas eu GOSTO de desenhar animais. Você fica revoltada e quer gritar “Que tal você mudar e começar a gostar dos meus desenhos de animais, caramba?!”, mas então você percebe que aquela opinião tem embasamento e deve ser considerada.
Este é mais um daqueles momentos de crise na nossa vida e, vou te contar, é UM SACO! A gente vive dizendo que não liga pra opinião dos outros, que somos autênticas… Até se encontrar nesse beco. Sempre bate aquela dúvida: “e se eu estiver errada e a maioria certa?”
Lembro que isso rolou quando eu tive que fazer vestibular (normalmente essa é a primeira vez pra todo mundo). Eu adorava português, literatura, biologia, história, geografia, artes… Mas o que fazer com tantos talentos? Foi então que pensei em fazer letras. Mas todos me diziam que eu era muito boa em artes, que deveria fazer design, ou algo do tipo. Eram duas coisas que eu gostava muito, mas uma delas não agradava aos outros. No final das contas, fui fazer vestibular de design. Foi então que o majestoso destino acionou seus peões e foi me tirar do caminho errado: descobri o vestibular de cinema uma semana antes de fecharem as inscrições e mergulhei de cabeça.
Na faculdade, a crise bateu de novo. Eu adorava várias coisas: edição, continuidade, animação, direção de arte… Mas todos diziam que eu tinha dom pra produção. Isso significa que eu seria aquele cara (no caso, mulher) com uma prancheta na mão cobrando horários e resultados de todos, e que liga pra Deus e o mundo pra que nada saia do planejado durante uma gravação. Nenhum problema com isso, mas eu via claramente que eles enxergavam essa qualidade em mim porque eles mesmos não eram assim organizados como eu era. No fim das contas eu me dei bem usando minha organização, só que em outra área: fazendo vlog.
Pensando nessa história toda, acho que o certo não é A nem B: é a opção secreta C. Porque por um lado, a gente se conhece bem, só que não entende direito como as pessoas enxergam nosso talento. Já os outros têm esta percepção aguçada, mas não compreendem plenamente os desejos do nosso coração. Enquanto seguir só o que queremos é imaturo e pode ser um tiro na água, fazer tudo exatamente como os outros querem é dizer não pra nossa própria felicidade. Talvez se a gente conseguisse entender isso, nossas crises seriam bem mais simples. A opinião alheia é sim, muito importante. E nossa autenticidade também! Só está faltando a sabedoria pra misturar esses dois ingredientes.
Olhe para o seu caminho, olhe pro caminho que os outros te apontaram. Aí agora fica vesga, planta bananeira e então você vai ver a resposta certa. Quem me dera tivesse uma receita simples dessa… De qualquer forma, acho que a verdadeira resposta é: pare de enxergar tudo em preto ou branco e comece a ver os tons de cinza (não os da livraria, os da vida mesmo).