você está lendo O primeiro dia na faculdade

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Naquela manhã acordei com um sentimento meio estranho, sabe? Uma mistura de medo com ansiedade faziam meu estômago doer. A roupa, que eu deveria ter escolhido no dia anterior, era o menor dos problemas. Enquanto aprontava, lembrei que dessa vez não haveria ninguém me esperando na porta. Os primeiros dias de aula no colégio eram tão mais fáceis. Minhas amigas sempre estavam lá. Andar sozinha num lugar novo é tão estranho, parece que tá todo mundo reparando e julgando a gente, mas não dá pra escolher as exigências que a vida faz, certo?

Por um instante, tive a sensação de estar começando minha vida do zero e me dei conta de que ninguém ali sabia absolutamente nada sobre mim. Eu, finalmente, poderia ser quem eu quisesse. Apaguei todas as lembranças e marcas ruins do ensino médio e passei pela porta da sala. Como se fosse um portal pro futuro. O meu futuro. A aula já havia começado. Entre uma distração e outra, me perguntava se era aquilo mesmo que eu queria da vida. A professora parecia ler meus pensamentos, começou a falar sobre o curso e o quão importante é a profissão que escolhemos. Passou um filme na minha cabeça de toda a minha infância e minha afeição por desenhar e escrever.

Sonhei durante alguns anos com um lugar onde as pessoas se importassem com coisas mais interessantes que meus gostos e não me julgassem. Naquele instante tudo começou a fazer sentido. Eu estava simplesmente onde sempre quis estar. Com pessoas que sempre quis conhecer. Sendo aceita de um jeito que sempre almejei porque ali ninguém me julgava nem mais e nem menos madura. Avistei alguém de óculos pelos corredores que deve ter despertado alguma coisa à primeira vista em mim. Sim, não vamos nomear esse “alguma coisa”, por favor, tenho pavor dessa palavra.

E aí, bem, o caminho de volta se tornou bem mais tranquilo e divertido. Qualquer pessoa naquele ônibus poderia enxergar a garota com fones de ouvido, cantando bem baixinho a sua música preferida enquanto sorria com o vento. Fechei os olhos e desejei poder voltar no tempo só para dizer àquela Amanda de 2 anos atrás que não havia necessidade de ficar chorando pelos cantos da escola, no fim tudo daria certo.

*Amanda Bastos é leitora do blog e topou compartilhar com a gente sua experiência como caloura/bixete em uma faculdade lá de São Luis. Se você também tem uma história legal (e real) pra contar sobre o tão temido primeiro dia de universitária, use os comentários e participe da nova categoria do blog. Minha ideia é falar mais sobre a vida real. Para isso, vamos escolher e eleger, semanalmente, uma leitora para escrever a crônica do post e como dessa vez, fazer um convite para todo mundo contar nos comentários um pouquinho da sua própria história. Que tal? Ah, e o dono do melhor comentário fará o próximo texto. Não esqueçam de deixar e-mail, Twitter ou Facebook.