Nas histórias infantis, há sempre um vilão. Nos filmes da Disney, então, nem se fala. Os malvados se destacam e você sabe quem são logo de cara. Jafar, Úrsula, Capitão Gancho, Rainha Má, Hades, Scar, Malévola, Madrasta… Quando criança, ficava com medo só de ouvir a canção do vilão, mas, lá no fundo, alguma coisa me fascinava. Algo brilhava meus olhinhos cada vez que um deles aparecia na tela da TV. E, pensando bem, depois de alguns anos, talvez tenha descoberto o porquê.
Os vilões possuem uma complexidade como nenhum outro personagem no enredo. Eles têm uma personalidade bem marcante que definitivamente se destaca no filme. Li em algum lugar que, quando você consegue enxergar um personagem em qualquer situação, fora da sua história original, então é porque ele foi bem construído. Quem de nós não consegue perceber claramente a personalidade de uma Cruela ou de um Capitão Gancho? E é isso que eu quero dizer: em filmes da Disney, esses caras são sempre incrivelmente conduzidos.
Claro que eles, na maioria das vezes, não atuam com as melhores das intenções, mas pelo menos têm certeza do que querem e não sossegam até conseguir. Enquanto algumas as mocinhas (e mocinhos) conversam com os animais, sentam em florestas e esperam seu sonho se realizar num passe de mágica, os malvados estão em suas cavernas e porões maquinando e realizando seu sucesso. Para quê fadas madrinhas se você mesmo tem a magia nas suas mãos?
Posso dizer que essa foi uma das lições que os vilões me ensinaram: para correr atrás do seus sonhos, é preciso só começar. Esquecer o medo e o receio de que “não sei se sou capaz”. Sim, é capaz. Se você será derrotado por um gênio de lâmpada mágica, bom, aí é outra história. Pelo menos você tentou!
Nos filmes da Disney, o mal é sempre mais inteligente. Tá, não podemos contar com Gaston ou outro vilão trapalhão e garanhão. Mas pensem no trabalho que os outros tiveram e em como foram engenhosos e geniais na execução. Eles dão vida e energia para os filmes e, muitas vezes, é o lado negro da força que nos faz rir. E muito! Principalmente os capangas dos gênios do mal. O que dizer de Agonia e Pânico (Hércules), das hienas (O Rei Leão) e do cãozinho Percy (Pocahontas)? Lembra deles? Aposto que você chorou de tanto rir com alguma resposta malcriada do papagaio Iago também.
Não, não estou envergonhada ao dizer que adoro a complexidade dos vilões. Eles são interessantes personagens mesmo e não dá para negar. Além disso, eles me ensinaram. Planeje. Dê o seu melhor. Mire o topo. Não se contente com pouco. Não leve desaforo para casa. Arranje um animal de estimação tão maléfico quanto você. Dance como se ninguém estivesse olhando. Cores escuras valorizam a silhueta. Capas dão dramaticidade ao look. Decorar o quarto com caveiras dá profundidade ao ambiente. E, claro, tenha sempre um caldeirão à disposição. Isso é indispensável.
Obrigada por isso, Disney. Mal posso esperar para conhecer os próximos vilões cativantes que você irá inventar.