Como prometido, estou de volta para continuarmos nossa conversa sobre feminismo. Os comentários do post anterior não poderiam me deixar mais feliz, por isso, muito obrigada! Me deixou com mais vontade ainda de voltar, haha.
Passando um pouco da introdução amorosa para o assunto de hoje, quero perguntar se vocês já ouviram falar sobre o Teste de Bechdel – ele vai ser interessante para entendermos o contexto do post (talvez um pouco mais polêmico do que o anterior). Bom, o Teste de Bechdel foi inspirado em uma história da cartunista norte-americana Alison Bechdel, chamada Dykes to Watch Out For, de 1987. O Teste de Bechdel possui o objetivo de avaliar a presença feminina em filmes, mas também serve para ser aplicado em séries ou livros, por exemplo.
Ele funciona assim: para um filme (ou outra produção cultural) passar pelo teste, ele precisa responder apenas 3 perguntinhas.
1 – Existem duas ou mais mulheres com nomes?
2 – Elas conversam entre si?
3 – Elas conversam entre si sobre algo que não seja um homem?
Nós, mulheres, sabemos que a nossa vida não gira em torno apenas dos homens. Temos estudos, família, trabalho, hobbies e outras questões que nos são importantes. Nossas conversas com amigas também não são apenas sobre homens. Mas o mais bizarro é que muitas (muitas mesmo) produções cinematográficas não conseguem passar nesse teste – e olha que as especificações são bem simples de serem seguidas.
A questão é que o cinema, como várias, é uma área predominantemente masculina. Nesse momento, quero abrir um espaço para explicar por que falamos das mulheres como “minoria”, já que somos metade da população mundial. Quantas diretoras de cinema reconhecidas você conhece? Quantas delas ganharam o Oscar? Uma frase que ilustra bem isso é: “Quanto mais perto do topo chegamos, menos mulheres encontramos”. Quem afirmou isso foi a nigeriana Wangari Maathai, ganhadora do Nobel da Paz. Somos minoria nas profissões, principalmente se tratando de cargos mais altos. Apesar disso, somos a maioria nas faculdades. Algo não está certo aí.
Esse fato, de não haver um número legal de mulheres em cargos decisivos no cinema, é um dos fatores que atrapalha a nossa representatividade. Os produtores e diretores dão a sua interpretação para determinado fato, fazem um filme sobre isso, nós assistimos e passamos a considerar como algo verdadeiro, como uma regra. Perdemos de vista quantos filmes tratam a figura da mulher como indefesa, boba, que precisa ser resgatada e, pior, a única personagem sexualizada de toda a trama. É uma fórmula que vende, mas não nos representa. Um filme não é só um filme. Ele tem o poder de reforçar estereótipos e discursos dos quais tentamos fugir diariamente.
Voltando ao Teste de Bechdel, vale dizer que ele não determina se um filme é bom ou não. Aliás, muitos filmes que adoramos não passam nesse teste. Mas ele é interessante para percebermos como os papéis femininos são colocados em segundo plano, menos importantes que os outros. Até mesmo filmes direcionados para mulheres podem não passar no teste, por incrível que pareça. Vamos combinar que muitas comédias românticas colocam algum homem como o centro de toda a história da protagonista. É bem mais fácil achar filmes com dois ou mais homens, que conversem entre si sobre algo que não seja uma mulher, né?
Entretanto, quero mostrar que é possível, sim, encontrar bons filmes que passam no Teste de Bechdel com louvor. Por isso, eu trouxe uma listinha com 9 filmes para vocês assistirem. Talvez vocês já tenham visto alguns deles!
– Valente (Frozen também é um bom exemplo, mas Valente ainda é meu preferido, haha!)
– Malévola
– Persépolis
– Kill Bill
– Jogos Vorazes
– A Vida Secreta das Abelhas
– Pequena Miss Sunshine
– Histórias Cruzadas
– Maria Antonieta
Vocês se lembram de outros títulos? Comentem aí embaixo! Nesse link tem outros filmes incríveis que também passam no teste. Para fechar o post, escolhi uma frase célebre da atriz Cate Blanchett, quando ganhou o Oscar de Melhor Atriz pelo filme Blue Jasmine (que passa no teste!): “Para as pessoas na indústria que ainda têm arraigada essa ideia que filmes com mulheres protagonistas são experiências de nicho: eles não são. O público quer vê-los, e eles ganham dinheiro. O mundo é redondo, gente.”