Quando leio um texto meu bem antigo fico tentando lembrar do momento exato em que o escrevi. Grande parte dos meus registros pessoais foram feitos em momentos difíceis ou solitários da minha vida e a escrita foi uma forma que encontrei de superar cada um deles. Sempre escolhia sofrer até o último minuto. Até a última gotinha de lágrima descer. Acho que para ter absoluta certeza de que tentei entender e lidar com a situação de todas as maneiras. Que tirei todas as conclusões possíveis de experiências não tão bem sucedidas.
Foi assim que eu descobri minha grande paixão. Foi assim que eu criei esse blog e comecei uma carreira como autora, então, não me arrependo. Normalmente crescemos muito mais quando não estamos nos nossos melhores dias, então encarar tudo mergulhando de cabeça me fez ser exatamente quem sou hoje.
De todas as pequenas e grandes mudanças dos último 7 anos, acho que a principal aconteceu recentemente. Não tem a ver com o meu novo corte de cabelo ou meu novo relacionamento, mas assim algo que aconteceu antes disso.
Eu me dei um tempo. Um tempo sem precisar entender cada coisa que acontecia ao meu redor. Um tempo sem me envolver de verdade com ninguém ou reviver algo que não existe mais. Um tempo sem me importar com o que as pessoas achavam que eu deveria fazer. Um tempo seu neura com meu peso, com as pontas do meu cabelo ou com as roupas que escolhia pra usar ao longo do dia. Um retiro de mim mesma e de todas convenções que criei pra ser feliz.
Imagine um livro de colorir. Eu vivia pintando o meu da mesma cor. Toda vez. Aí eu passei uns dias olhando para a página ainda não preenchida e vi que eu poderia colocar todas as outras cores se realmente quisesse. E foi exatamente isso que fiz.
Comprei passagens com destinos diferentes para os meus próprios pensamentos. Levei meu corpo para passear em novos endereços e deixei o acaso fazer o seu trabalho. O tempo passa de um jeito diferente quando entendemos que ele está ao nosso lado. Porque nem tudo que queremos é o que precisamos. E tudo aquilo que eu precisava eu já tinha.