A gente ria. Só pra, logo em seguida, nos olharmos e cairmos na risada de novo. Não tinha nem como parar pra tomar uma água – certamente ela não iria parar na boca. Até respirávamos fundo para ver se a crise passava, mas, no menor sorriso, a gargalhada já voltava à tona. Era bastante complicado encontrar o momento de parar depois que a gente começava, mas, afinal de contas, não dava pra negar que esses eram um dos nossos momentos favoritos.
Me perguntaram qual era o motivo do nosso riso. O que tinha tanta graça?
Muitas coisas! E não precisávamos nem ir muito longe: cada gesto, expressão ou palavra já nos remetia a alguma lembrança. Parece que nosso grupo já viveu tanto junto, né?
Tipo aquele dia no parque, quando tudo de mais bizarro aconteceu com a gente. É meio inevitável pensar que somos quase premiadas: tickets dourados para visitar a fábrica de chocolates mais incrível do mundo? Nada disso! Se houvesse um cupom que desse direito a um passe livre pra todos os acontecimentos mais malucos da face da Terra, certamente teríamos a sorte (?) de ganhá-lo.
E quando choveu e tivemos que voltar andando, dividindo apenas uma blusinha transformada em guarda-chuva improvisado, no maior pé d’água, e aquelas pessoas que não conhecíamos começaram a puxar uns papos malucos com a gente? E aí uma de vocês escorregou e caiu no chão da forma mais estabanada de todas, provando que, sim, tinha como fazer com que todos os seres presentes no local olhassem diretamente para uma pessoa só. E quando apostamos que aquele cara faria exatamente determinada coisa e, pimba, foi o que ele fez? Cada uma correu para contar o que havia acontecido para as outras: “As pessoas é que estão muito previsíveis ou somos nós que estamos adivinhando o futuro?” Rá!
Teve também quando aquela mesma piada velha foi contada pela sétima vez. De tão ruim, não é que ela ficou boa?! Lembram de quando viajamos juntas com a escola? Pensamos que seria de um jeito e, no final, foi completamente diferente, não é? Ah, e quando compartilhamos nossos primeiros segredos? Eu nem sabia que vocês já tinham passado pelas mesmas coisas! Assim somos nós. Quando percebemos que estamos perdemos tempo, nos reunimos novamente e (re)começamos a pensar em tudo que se passou. Poderia até virar drama, mas, de novo, nós estávamos lá. Encontramos mais um motivo para o riso. Rimos e rimos e rimos.
Acho que a maior graça de todas é esse nosso jeito que combina tanto, essa forma que encontramos de nos entender tão bem. Mesmo com personalidades muito diferentes, nos conhecemos o suficiente para captar todos os sinais e já chegamos num grau de intimidade no qual sabemos nos cativar o tempo todo. E entre vários outros amigos, familiares e colegas, isso não acontece com mais ninguém! No fundo, nos divertimos porque sabemos que temos umas as outras para apoiar, ajudar e, é claro, rir das pequenas coisas da vida. E eu quero mais é que tudo acabe numa grande gargalhada!
Por isso eu acho que a verdade é que a gente ri porque a gente se ama. Já temos um elo tão forte que nossa alegria brota das coisas mais simples, vem sozinha em cada encontro, conversa, momento. O nosso riso é o brinde da nossa amizade.