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Foto: Davi Stewart

Tanta gente no mundo.

Você as encontra. Se cruzam, esbarram-se, trocam olhares e até algumas conversas. É verdade: por algumas, você cria simpatia – enquanto outras você prefere até evitar.

E por dentro de cada uma delas, o que terá?

Todos os medos, sonhos, anseios, angústias e histórias que todos nós carregamos e que, juntos, nos fazem ser exatamente como somos. Por trás de cada sorriso ou cara amarrada, há uma trajetória que nem sempre todos conhecem. 

Um caminho que apenas a própria pessoa percorreu e sabe dizer como é que foi.

E então, de repente, nos deparamos com o relato de apenas uma delas. Só uma. Aquela que resolveu se sentar ao seu lado no banco do ônibus e começou a falar sobre a vida.

Antes de ela sentar, não minta, você deixou seus preconceitos serem jogados por cima daquilo que via. Imaginou uma idade, uma vocação, o motivo da viagem… Mas, quando ela abriu a boca e começou a falar, talvez para desatar um pouco o nó apertado que estava em seu peito, você percebeu que não era nada daquilo.

Você ouve, atenta, as histórias sobre as dificuldades diárias e como ela dá seus pulos para contornar isso tudo. Suas paixões e gostos, todo aquele amontoado de coisas que a faz continuar resistindo às pressões do mundo e procurar sempre fazer o que é certo e a lista infinita de seus afazeres diários. E aí vem o seu espanto: como o dia de alguém pode render tanto, ter muito mais do que 24 horas?

E então a comparação com a sua própria vida se torna inevitável. É bem diferente e olhar as coisas a partir da perspectiva com a qual esta outra pessoa as enxerga, para você, é algo completamente novo. Mas é isso o que a tal da empatia faz: agora, você já deu tchau e foi para o seu destino com um pouquinho dela em você. Olhando as coisas com o seu jeito de sempre, mas dando margem a uma segunda investigação, a um segundo olhar.

Aí você lembra que, iguais ou diferentes a esta pessoa que cruzou a sua vida, somam-se mais de cinco bilhões de pessoas. Quanta gente, quanta coisa!

Que bonito pensar que, na simplicidade de cada um, cabe um infinito de possibilidades.