você está lendo Resenha: “Os Dois Mundos de Astrid Jones”, de A. S. King

astrid-jones-1

Publicado aqui no Brasil pela editora Gutemberg, o livro “Os Dois Mundos de Astrid Jones”, da escritora A. S. King, venceu vários prêmios internacionais importantes desde que foi publicado. Como você pode ver na capa, até o autor John Green (cadê livro novo John, plmdds) já elogiou bastante a A. S. (Amy Saring), que é uma escritora americana de ficção juvenil. A gente precisa confessar que, por causa disso, nossas expectativas com relação ao livro estavam altas. Quer saber o que achamos da obra? É só continuar lendo esta resenha! :)

astrid-jones-7

O livro tem uma arte maravilhosa na capa, que me agradou tanto pelas cores e ilustrações quanto pela tipografia usada. Os aviões de papel por vários lados não estão aí à toa: a história da Astrid Jones, nossa personagem principal, tem muito a ver com aviões de verdade. Mas calma, logo chegaremos lá!

As 287 páginas são amareladas e a fonte e espaçamento são perfeitos. Em alguns momentos, a narrativa parte para um outro lado da história, que não é sobre Astrid. A gente fica sabendo disso por conta do título que vem antes de cada “relato”, mas também há uma mudança na tipografia que agrada e ajuda a gente a diferenciar estas partes do restante.

astrid-jones-5

Sinopse: ‘O movimento é impossível.’ É o que Astrid Jones, 17 anos, aprendeu na sua aula de filosofia. E, vivendo na pequena cidade em que mora, ela começa a acreditar que isso é mesmo verdade. São sempre as mesmas pessoas, as mesmas fofocas, a mesma visão de mundo limitada, como se estivessem todos presos em uma caverna, nunca enxergando nada além. Nesse ambiente, ela não tem com quem desabafar suas angústias, e por isso deita-se em seu jardim, olha os aviões no céu e expõe suas dúvidas mais secretas aos passageiros, já que eles nunca irão julgá-la. Em seu conflito solitário, ela se vê dividida entre dois mundos: um em que é livre para ser quem é de verdade e dar vazão ao que vai em seu íntimo, e outro em que precisa se enquadrar desconfortavelmente em convenções sociais. Em um retrato original de uma garota que luta para se libertar de definições ultrapassadas, este livro leva os leitores a questionarem tudo e oferece esperança para aqueles que nunca deixarão de buscar o significado do amor verdadeiro.

astrid-jones-2

Nunca tinha lido um livro da A. S. King antes e, para mim, seu estilo de escrita foi uma surpresa boa. O livro é em primeira pessoa, mostra o ponto de vista da Astrid e consegue fazer uma descrição perfeita de tudo sem se alongar muito nos detalhes. Sei que tem gente que acha que livros muito detalhados são maçantes, mas eu amo! Neste livro, de qualquer forma, o que acontece é diferente: em momento nenhum temos uma descrição do físico de Astrid ou de seus amigos, por exemplo. A história nos introduz à realidade da garota como se já soubessemos das coisas, mesmo que a gente não saiba. Confuso? Na verdade, não! Funciona bem e, ainda que em alguns detalhes possamos nos sentir levemente perdidos, tipo ela deu a entender tal coisa, mas pera aí, isso foi explicado no começo?”, tudo certo, porque o fato acaba se tornando um pequeno mistério, que é solucionado mais para frente.

Ou seja, o livro entrega o enredo aos poucos, detalhando apenas o necessário. Tudo isso em meio ao cotidiano de uma garota que, com certeza, é bem parecido com o da maioria de nós.

astrid-jones-4

A história é intercalada: temos os acontecimentos da vida da nossa protagonista de um lado e, do outro, pequenas passagens e pensamentos das pessoas que passam de avião, no céu, enquanto a garota “envia amor” lá embaixo, deitada na mesa de piquenique da sua casa.

Não tem como falar dos assuntos que cercam o livro sem dar spoilers, mas todas as questões que ele aborda são incrivelmente atuais e verdadeiras – algumas funcionam até como um tapa na cara da sociedade. Posso dizer que esta temática do “amor enviado” via pensamento é praticamente uma lição de empatia.

Astrid é uma pessoa que procura pensar duas vezes antes de falar algo negativo pra alguém e, até mesmo quando fala, respira fundo e pensa no real motivo de sua desaprovação. Mas o simples fato de enviar amor para os outros lá em cima, gente que ela nem conhece (e depois o relato destas pessoas o recebendo) nos faz abrir os olhos. Pode ser uma fantasia ficcional? Talvez, mas faz a gente ver que é disso que o mundo precisa, deste apoio e respeito, e como cada um pode ser importante na vida do outro, indistintamente, sem ódios e preconceitos.

astrid-jones-3

E como você percebeu na sinopse, temos bastante das aulas de filosofia de Astrid nos capítulos. Isso é bem legal porque ela pensa em tudo de uma forma casual, fazendo comparações e indo cada vez mais fundo, sempre utilizando um pouquinho do embasamento de suas aulas. Quem acaba ganhando é o leitor, que não apenas acompanha a vida da personagem, como não fica limitado a um simples relato dos acontecimentos.

Resumindo? Pensei que tinha em mãos um livro juvenil cheio de dramas normais da adolescência. Me enganei, pois ele vai extremamente além. “Os Dois Mundos de Astrid Jones” me prendeu do começo ao fim ao falar sobre aceitação, escolhas, julgamentos e muitos outros assuntos de uma forma maravilhosa, nos fazendo sentir e entender tudo como se estivesse acontecendo com nós mesmos. E, para mim, este é um ótimo jeito de fazer com que até os mais indiferentes compreendam e respeitem o próximo. <3

Gostou da resenha? Para comprar o livro, é só clicar aqui.