você está lendo Você nunca deve se desculpar por ser quem é
desculpa

Foto: Reprodução/JonnyMellor

Você está numa roda de pessoas e todos estão agindo da mesma forma. Parecem robôs: ninguém aparenta estar aproveitando o momento. Rostos frios, rígidos, todos fechados em seus mundinhos como se estivessem reunidos por uma simples e mera obrigação.

Se for parar para notar bem, parece que um copia o comportamento do outro. Nada sai daquele “comum” encontrado ali: se combinassem um traje, estariam todos da mesma cor. Ali, a diferença é vista como algo ruim – o bom mesmo é continuar seguindo os padrões que foram impostos sei lá por quem.

Mas acontece que você é incapaz de deixar de notar isso e, quanto mais o tempo passa, mais a situação te incomoda. Mesmo que eles falem, parece que, na verdade, estão todos dormindo: num estado extremamente constante, tal como o da respiração durante o sono.

E assim, quase que involuntariamente, você acaba indo na contramão daquilo tudo e faz alguma coisa genuína: dá uma risada, puxa um assunto e trata o momento com mais leveza, enquanto todos continuam firmes. Isso acaba mostrando aquele pedaço lindo da sua personalidade, que estava guardado até então.

Afinal, não estamos falando de outra pessoa. Você é muito você.

Só que, ali, ninguém enxergaria a beleza que há no plural. Neste local, eles jamais vão apreciar o que vem de dentro, em sua forma mais variada.

Muito pelo contrário… Depois disso, parece que todos te olham com aquele velho olhar de censura.

Como se você tivesse simplesmente que segui-los e se calar, sem ser a pessoa que é e sempre foi. Como se deixar escapar algo inerente ao seu jeito de ser fosse um crime da pior espécie: no meio dos pontinhos riscados religiosamente no papel, você foi a mão que parou para ligá-los e formar uma estrela. E ainda sorriu!

Isso incomodou. 

Mas você não fez nada inconveniente: não esbarrou, prejudicou e tampouco atrapalhou ninguém ali. Só que isso tudo te faz ficar sem jeito, e aí voltam as dúvidas – elas nem deveriam existir, mas surgem na sua mente assim que seu olhar encara o primeiro rosto aborrecido. Aparece também a timidez e o “acho que não devia”. 

Seu primeiro reflexo é pensar em pedir desculpas.

Assim como se tivesse tropeçado e deixado algo cair sem querer: foi passageiro, pessoal, vamos desviar o olhar e voltar ao que estávamos fazendo antes!

Só que o antes não fazia sentido algum pra você, com certeza. Voltar àquele estado de normalidade constante e incrivelmente entediante e procurar uma forma de colocar em sua cabeça que o melhor seria se adaptar não é mais uma opção viável.

Fazer isso seria fechar todas as janelas e não voltar a ver luz. Se aconchegar num sofá confortável, mas continuar por ali durante uma vida inteira. Colocar novamente um passarinho liberto dentro da gaiola e pedir para ele assoviar a canção que todo mundo assovia também.

Por que a gente considera normal pedir desculpas quando estamos sendo exatamente quem somos?

Não. Desta vez, você decide não se desculpar. Aquilo não foi um erro, de maneira alguma.

O grande engano é justamente se cercar de quem não entente algo importante: quem acerta é quem se compromete com suas próprias vontades. Você deve apenas seguir seus instintos e respeitar aquilo tudo que você é e sempre será, não importa como for.