Certa vez eu conheci um cara, um cara legal, engraçado, bonito e muitas outras coisas, ao contar sobre ele para outras pessoas, eu escolhi a palavra “perfeito”, seguida de um suspiro, que foi logo confrontado pelo bocejo de alguém que disse: “Lá vem a ilusão”.
Parei alguns segundos, não respondi, apenas pensei.
Ás vezes as pessoas levam a sério demais certas escolhas de palavras, principalmente quando falamos em relacionamento, o que deveria ser oposto visto que quando estamos envolvidos, a tendência é o exagero.
Somos exagerados ao dizer que nunca amamos antes, ou nunca vimos alguém tão lindo em toda nossa vida, e que nunca mais amaremos de novo, daí tudo acaba e dizemos que nunca sofremos tanto, e que jamais permitiremos que alguém faça nosso coração de migalhas outra vez. Mas sabemos, e esperamos, que outra pessoa aparecerá para curar esta ferida, e mesmo fingindo que não estamos prontos, sempre estamos. Por que quando proferimos para sempre ou nunca mais, sabemos que tais sentenças não têm peso e as pessoas não deveriam levar tão a sério a escolha destas palavras, assim como o emprego da perfeição.
Quando amamos uma pessoa, amamos o pacote completo, que inclui qualidades e defeitos, e a consciência disso é o que nos leva a dizer “eu te amo apesar de”.
Gostar de alguém mesmo descobrindo que ela faz um barulho estranho quando ri, ou que ela gagueja quando esta nervosa, ou que tem dificuldade em escolher qualquer coisa num cardápio e que compra demais e depois tem crises de arrependimento. Gostar de alguém mesmo sabendo que ele capota depois do sexo, desejar alguém mesmo sabendo que ele não vai abrir a porta ou esperar você para comer o último pedaço, querer estar ao lado de alguém que não sabe bem o que quer e resolve ter crises de identidade depois dos vinte e poucos, desejar alguém que chora quando está bêbado e dorme de cansaço no seu colo no meio do filme, amar alguém apesar de. Se isso não é perfeito, eu não sei o que é.