Nada na minha história teve hora certa para acontecer. Aliás, se eu esperava muito por alguma coisa, parecia até que piorava: é como se a vida percebesse que eu estava na expectativa – e aí nada se desenrolava mesmo. Pior que é sempre assim: quando sossego, desencano e esqueço, faz-se o momento em que ela permite deixar a mágica rolar.
Foi numa dessas distrações que você entrou em minha vida.
Primeiro, como amigo. Alguém que o meu coração reconhecia somente para compartilhar vivências, todas estabelecendo um certo limite (imaginário) entre a gente. Eu nunca pensaria que, um dia, nós seríamos mais do que isso. Para mim, estava claro como eram bons os momentos que passávamos juntos, só que, até então, a gente era apenas uma dupla de pessoas que se queria bem.
Mas a gente se queria mais.
Não vou dizer que percebi algo diferente naquela primeira vez que você segurou a minha mão: perto de você, o riso sempre foi tão fácil que, para mim, era só mais uma memória divertida que estávamos criando juntos.
Eu nem sabia que, a partir dali, as coisas começariam a mudar.
E para valer, né? Elas se transformariam totalmente e cresceriam assim como aquela plantinha que, no começo, cabe até num potinho de iogurte e, depois, fica enorme. Conosco foi bem assim: alcançamos todos os limites até percebermos que não havia mais espaço dentro do peito.
E, de forma natural, nosso amor foi solto, livre para viver de uma forma até então desconhecida. Saiu do criadouro e, a cada nova troca de olhares, passou a habitar duas almas que se permitiram tentar.
Eu costumava dizer, para elogiar suas principais características, que você era um amigo doce. Ah, sempre foi muito mais do que isso. Com você, vivo o novo e deixo os velhos conceitos e palavras para trás. De doce, falo que é apenas a vida, esta maravilhosa, que trouxe você para mim.