Eu só queria voltar no tempo.
Não para que as coisas que aconteceram se repetissem, mas para tentar avisar as pessoas sobre o que elas fariam e o que suas ações causariam. Queria alertá-las, impedir que suas atitudes desmedidas tivessem o fim que hoje tiveram.
Eu queria, no final das contas, que não doesse tanto como doeu.
Só isso, sabe? Queria não ter que passar pelo período tão difícil pelo qual passo agora e, se pudesse ter qualquer tipo de poder para que essas partes ruins não acontecessem, eu certamente não pensaria duas vezes.
Penso que, se as pessoas que causaram tudo isso pudessem ter essa segunda chance também, não fariam da forma que machucou tanto, mas será? Vai que elas tornariam a errar ou piorariam as coisas ainda mais? A questão é: elas realmente se importam comigo e com o que passou a ponto de escolherem outra atitude?
Às vezes, nossa mente faz de conta que poderia ser diferente. Mesmo se não dependesse só da gente.
E depois de tantos e tantos pensamentos que não resolvem nada, só percebo que tudo o que passou ainda é uma ferida aberta para mim. Dependendo do jeito que me viro ou a firmeza com que piso no chão, de vez em quando a dor ecoa e quase não dá para aguentar. Tem horas que dá vontade de sentar num cantinho e ficar só ali, parada e esperando passar.
Só que sei muito bem que não dá para ser desse jeito… a gente tem que continuar.
Como não há passe de mágica, a única escolha que tenho agora é olhar pra frente. Sei que quem causou isso não procurará uma forma de tornar a minha vida mais fácil – não dá para viver esperando coisas dos outros.
Por isso, sozinha e pacientemente, vou ter que enxergar um outro lado. Mesmo que eu tenha que tapar metade da cena com a mão e fingir que ela não existe – até poder me acostumar com minha rotina e passar a viver com dois lados tão distintos de uma mesma realidade.