Este não é um texto de Dia das Mães como os outros que já vi por aí. Não vai ser aqui que vou falar para a minha mãe as coisas que “digo a ela todos os dias”, porque confesso que não são em todos os dias que digo tantas coisas. Sabe, a verdade é que não sou muito de deixar bilhetinhos, abraçar do nada, declarar amor em fotos no Facebook. Tenho algumas amigas que têm este tipo de relação com suas mães, mas com a minha não é bem assim.
Antes que você pense que há algum problema no meio do caminho, basta eu dizer que não. É a vida real – a nossa vida – que é desse jeito mesmo. Somos próximas, sim. Eu a amo muito. E na nossa história há um bocado de amor, só que não esse tipo de amor extrovertido, que se faz visto. O meu amor pela minha mãe é mais discreto. Ele vive nos detalhes. Vive de um jeito peculiar e dessa forma continua pulsante, dia após dia.
Ele aparece quando eu conto algo que aconteceu e ela me dá uma resposta que eu já imaginava qual seria. Mas eu disse mesmo assim – esperando ouvir aquela velha e conhecida resposta. O conselho que só ela pode me dar, mesmo que eu concorde ou não. É só da boca dela que irei escutá-lo.
O amor se mostra quando chego em casa e a vejo fazendo o que ela sempre faz. Quando vou dormir pensando em um milhão de ideias que não incluem necessariamente a sua presença, mas só são possíveis porque, de fato, ela está ali. E que, na sua ausência, não fazem sentido algum.
Ele também está presente quando, em pequenos momentos do meu dia, percebo a sorte que é tê-la batalhando por mim (e eu por ela). Porque embora as nossas vidas sejam diferentes, eu devo tudo o que tenho ou sou hoje ao esforço e ao suor dela. Ela é o meu ponto de partida. E foi o meu suporte, a minha escada e a pessoa que levantou a bola para que eu pudesse sacá-la por repetidas vezes, até me ver jogando a partida perfeita.
E quando olho em seus olhos, lá no fundo, consigo ver aquela vontade enorme que ela tem de ver a vida dando certo para mim. Tudo aquilo que mesmo sem ela falar está ali, me dando uma força enorme para que eu siga correndo atrás de meus sonhos. Negócio engraçado esse, né? A nossa felicidade fica assim, enlaçada e, mesmo com caminhos distintos, sempre permanecerá este fio imaginário – que a liga eternamente a mim.
No final das contas, toda a nossa relação tem este pano de fundo indispensável. Presença, felicidade, torcida, apoio e pequenas batalhas. As nossas vidas, quando unidas, se tornam feitas destes mesmos ingredientes, que são aquilo que nos fazem continuar, uma pela outra. E é por isso que tenho muito a agradecer.
Aliás, acabei de escrever, não foi? Por isso, vou até repetir e deixar gravado, porque no final das contas, é essa consciência que nunca dorme que realmente importa. Maior do que qualquer te amo e inerente a tudo, porque o amor existe e nunca deixará de existir: mãe, eu gostaria de te dizer que sei muito bem o que devo a você. É tudo. Sei muito bem disso. E nunca vou me esquecer.