Amizade não é contrato e, quando nos tornamos amigas, não assinamos nenhuma cláusula impondo que deveríamos pensar exatamente da mesma forma. Por mais que concordássemos na maioria das vezes ou curtíssemos músicas parecidas, vá lá, nós já sabíamos que não seria em 100% do tempo que isso tornaria a acontecer.
E foi assim que nós brigamos, numa das vírgulas que coloquei – e que fez você ansiar pelo ponto final. Eu disse, você disse, eu disse de novo e a gente discutiu. Fomos para lados contrários, relutamos em enxergar o outro ponto de vista, não nos viramos para conversar novamente e, assim a ponte que nos ligava pareceu ruir. Para os outros, dissemos: ela se quebrou.
Mas… quer saber? Está tudo ainda muito bem construído por aqui e não vou dar méritos só para mim, porque sei que você deve achar o mesmo. Você talvez não dê o braço a torcer agora e diga não só de birra. Mas acredito que, por mais que você não queira me ouvir falar e venha me evitando, sabe bem o que tudo isso prova – aliás, a própria briga é uma prova também: a amizade é realmente muito parecida com a irmandade.
A gente se atritou, se enjoou, se desligou e dissemos que não voltaríamos a conversar. Mas o que passou, ficou e todos os momentos anteriores não foram apagados. Sejamos sinceras: por mais que esteja guardado em uma caixinha, o sentimento ainda está lá. E não há borracha forte o suficiente que dê conta de apagar tudo aquilo que foi escrito em nossa história.
Nos conectamos por uma força que está além de nós e não é uma simples falha de comunicação que vai nos desligar.
Porque precisamos uma da outra para continuar. Precisamos do nosso par mais vivo do que nunca para que tudo continue bem. Sabemos que os nossos sorrisos são sincronizados e funcionamos bem melhor juntas do que separadas, mesmo se estivermos em grupos distintos, bandas opostas ou cada uma segurando uma bandeira diferente. O nosso lance é arrumar aquele tempinho em que sairemos para tomar um milk-shake juntas. Sempre será assim.
E a novidade é que essa não é a primeira nem a última vez em que vamos nos estranhar, certo? Vai acontecer de novo e sei bem disso. Basta, apenas, que nos lembremos que irmãs, de sangue ou alma, são assim. Acontecem algumas falhas de comunicação, mas a gente tenta falar em outro idioma, gesticulamos, acertamos os pontos e voltamos sempre para aquilo que éramos antes – e que sempre seremos. Amigas.