Você adia. Ela bate na sua porta de novo. Você pede para que passe outra hora, diz que ali não tem ninguém. Mas ela não é tonta – nem um pouquinho: espia pela janela e grita de volta, sabendo que você está lá. Invasiva, entende que não há como fugir, de qualquer forma. Esperta, digamos assim.
E aí você fica cercada.
Se sair, terá que confrontá-la. Ficando, permanece presa ao estado anterior, enquanto ela continua lá fora, noite e dia, te lembrando de que a qualquer momento o encontro será inevitável.
Não adianta muito colocar um filme na Netflix para disfarçar o som da sua voz. Você até pode esquecê-la por alguns momentinhos enquanto ouve a sua música favorita ou lê aquele livro incrível, mas sempre haverá a hora em que terá que voltar voltar os pés para o chão e caminhar pela casa, sabendo da presença insistente da decisão que ainda não foi tomada.
É engraçado: quando percebemos que estamos diante de um parecer que depende apenas de você, não há mais volta.
Não dá para fechar a janelinha e fingir que essa dúvida não existiu: uma vez que a lacuna é aberta, cabe a você ocupá-la. Até é possível tentar viver a vida como se ela não tivesse existido, mas voltar ao estado anterior nunca é tão confortável assim, ainda mais porque ela permanece na insistência, martelando em sua mente e cobrando uma atitude.
No final das contas, é melhor arriscar e ver no que dá do que não tentar e jamais saber o que iria acontecer. Por mais que demore um dia, um ano ou uma década, você sabe bem que, em algum momento, terá que abrir a porta para a decisão entrar. Ela pode acontecer de uma forma ou outra, mas uma coisa é certa: uma nova deliberação sempre implica em mudanças.
E, afinal, você perceberá que era disso que você tinha tanto medo…
Posso te contar um segredo? Nesta nova fase, é provável que existam dificuldades. Mas não se preocupe muito, não. Pise firme e caminhe com a cabeça erguida. Indo para lá ou para cá, uma hora você saberá que fez a escolha certa.