Ao escrever este título, imaginei que a primeira coisa que as pessoas pensariam é que ele se trata de alguém que mudou ao longo do tempo. Aquela coisa: estamos sempre em evolução, nossos pensamentos progridem e não somos quem éramos anos atrás…
Bem, não é sobre isso que este texto fala.
O sentimento que me fez começar a digitar é outro. Me sinto diferente porque não consigo fazer as coisas que todas as outras pessoas fazem. Me sinto indo contra a corrente. O que acontece é que não quero ficar sozinha, mas, ao mesmo tempo, não me sinto à vontade estando acompanhada.
Colocaram a caixa de bolinhas dentro da piscina de plástico: eu não pulei pra fora, mas também não entrei. Flutuei e fiquei ali, perdida, me sentindo um verdadeiro ET.
Estou rodando em volta do zero, num movimento circular que realmente não me leva pra cá nem pra lá. Só me faz continuar dando as mesmas voltas. Ao mesmo tempo em que sei que devo andar pra frente, tenho saudade do que ficou atrás. Também sinto que ninguém vai me entender: se estou me sentindo tão diferente, como vou passar pela mesma experiência que uma amiga, por exemplo, e manter um sorriso no rosto igual ao dela? Para mim, não é possível.
Vejo as fotos das pessoas no Instagram e nada faz muito sentido. Lugares bonitos, comidas que parecem estar apetitosas, pessoas se divertindo… Antes, quando eu via aquilo, desejava postar aquele tipo de coisa. Hoje, penso que o foco da minha felicidade não está em nenhum desses momentos. Onde estaria ele, afinal?
A minha cabeça sempre foi muito cheia de ideias, então penso em me jogar nas coisas que sempre gostei muito de fazer, mesmo sozinha. Mas mais uma vez não dá certo, porque o sentimento censor que mora em mim consegue gritar bastante alto mesmo enquanto, sei lá, leio um livro. Estou tentando embarcar na tal história e ele sopra em meus ouvidos “o que estes personagens sabem da vida? Eles podem te ajudar?!” Não, não podem. Fecho o livro. Nem ele traz significados pra mim.
E aí percebo que o problema é esse: na verdade, estou procurando por respostas em tudo.
Embora algumas coisas eu esteja levando por levar, levanto a pontinha do tapete de cada uma delas e pergunto se o pedaço meu que se partiu está escondido ali. Aquele pedaço, tão importante, fazia com que eu me sentisse plena.
Essa pecinha foi embora e me deixou com uma grande sensação de não pertencimento. Não me encaixo no grupo dos amigos animados, nem das minhas músicas – que parecem não dizer mais nada, nem no meu quarto. Até dormir não é fácil como antes.
E então volto para a pergunta do título: por que me sinto tão diferente?
Ainda não trago respostas: não sei. Só que, depois de pensar sobre isso tudo, me alivia um pouco perceber que não é definitivo. Faz parte de uma fase. Sim, daquelas mega complicadas, mas, afinal, tudo se trata do tal pequeno retalho de mim que se perdeu.
Mesmo sem nem saber, perceber ou querer, talvez eu até esteja costurando-o aos pouquinhos.