você está lendo Aprender a viver sem você… quem sabe algum dia?
Foto: Emilia Niedzwiedzka

Foto: Emilia Niedzwiedzka

Viver sem você.

Quando essa hipótese passou pela minha cabeça, parecia tão fácil. Algo que seria conquistado apenas com a ajuda de um artigo sobre “como ser feliz sozinha” e do novo álbum da minha banda favorita. Assim, o silêncio desconfortável e a aba de notificações vazia do meu celular não teriam mais nenhum significado. Mas eles continuaram tendo. E doeu.

Quando realmente aconteceu – e quando eu soube que todas as reviravoltas que a vida deu para que nos encontrássemos tinham sido em vão, doeu. Me fez lembrar que, antes de te conhecer, tudo estava tão cinza… E mesmo que eu tenha construído o arco-íris sozinha, foi você quem colocou o pote de ouro ao final dele.

Você era o meu prêmio. E não daqueles que eu apenas queria deixar em cima da estante para que os outros observassem e contemplassem o meu êxito. Você era aquele tipo de prêmio que eu só queria ficar admirando, em segredo, e pensando como fui sortuda em tê-lo conseguido.

Mas você foi embora.
Nos primeiros dias, fingi que não liguei.

Nos próximos, parei de fingir, mas segurei o choro.

Me fiz entender que não era preciso ter você para sorrir – eu era capaz de fazer isso sozinha. Que não precisava de você para achar algum sentido nas minhas músicas preferidas, ou para me dizer que as más escolhas “são as que fazem as melhores histórias”. E que, se fôssemos um erro, você iria querer errar sempre assim. Sempre assim.

Você deu sentido à minha vida, mas a verdade era que, por mais que doesse, isso não te tornava o sentido dela – mesmo que no último final de semana você tenha me dito que ainda se lembra da nossa música. Cara, eu nem sabia que você se lembrava de que tínhamos uma música.

Pois é, ainda estou aprendendo. Mas é engraçado: no fundo eu sempre soube, mesmo não conscientemente, que você era duvidoso.
Que nunca seria para valer, mesmo que valesse a pena.

É isso.

Termino este texto da mesma forma que terminamos a nossa história. Com reticências entre aspas.

Quem sabe algum dia?
”…”

 

Por Ana Vitória Cardoso, 15 anos, Cristais (MG).
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