Hoje eu perdi um crush, as folhas caíram e os alimentos apodreceram. Nada é para sempre mesmo, né? Tudo muda o tempo todo, até os crushes que a gente acha que são príncipes viram pernilongos. Bom, o tal cara se tornou um ex-crush por dois motivos. Primeiro, ele já estava deixando de ser meu crush. Segundo, ele enfiou uma aliança no dedo. Não, não é casamento, mas sim um namoro – em que ele parece estar super apaixonado e feliz. É, feliz. Acho que eu também estou feliz. Por ele. Por mim. Por todo mundo que está feliz. Buscamos isso na vida, né? Momentos de felicidade! E escrevi momentos porque todo mundo, no século XXI, sabe que não existe esse lance de felicidade constante e blá, blá, blá. Então nem vou argumentar sobre.
Mas sim, estou feliz por ele e nunca me senti assim antes: feliz por um crush estar com uma mina que não sou eu. E isso porque esse dito-cujo era quem eu pensava quando me falavam sobre casamento. Eu sei, pensamento forte e precipitado. Cheguei a imaginar nós dois militando juntos, discutindo sobre livros, conhecendo lugares descolados de São Paulo e filosofando sobre o verbo viver. Uma vez, li que é o “quase” que nos faz sonhar. E foi todos os “quases” que eu tentei (na verdade, rezei) para construir com ele que me fizeram crescer. A minha imaginação me fez entender que, às vezes, fugir da realidade é uma forma de entendê-la. Talvez uma vida com ele fosse linda e florida nos meus pensamentos, mas não seria assim na vida real – e sim cheia de trânsito e emoções esquisitas. Parece que a graça de ter tido um crush foi só imaginar e sonhar como seria tê-lo e, no momento em que eu perdi as expectativas, porque de fato caí na real (e meus amigos estão agradecendo), ele deixou de ter graça, a situação perdeu o brilho e eu me senti livre. Livre para olhar para a situação e ficar feliz, pois, afinal, ele foi importante (mesmo não tendo nenhuma ideia) para que eu seja quem sou hoje.
Dizem que as coisas duram tempo suficiente para seres inesquecíveis. Acho que ter um crush nele foi uma das melhores decisões inconscientemente tomadas pelo cosmos do meu universo. E espero que ele continue sendo assim: perfeitamente imperfeito e sem nenhuma garantia para os corações paulistanos de garotas piscianas. Thank u, next!
Por Marina Pires, 19 anos, São Paulo (SP)
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